Kirsty Coventry: a primeira mulher presidente do COI

Ex-atleta recebeu os 49 votos necessários para vencer
por
Julia Sena
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03/04/2025 - 12h

 

Em uma votação secreta feita no dia 20 de março em Costa Navarino, na Grécia, Kirsty Coventry, aos 41 anos, foi eleita a primeira mulher presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), sendo também a primeira pessoa do continente africano a assumir o cargo. Esse marco pode representar um divisor de águas na história do esporte, promovendo uma maior pluralidade nas esferas de liderança.

Nascida no Zimbábue, Coventry é considerada a maior atleta feminina da África, com duas medalhas de ouro, quatro pratas e um bronze conquistados em jogos olímpicos. A ex-nadadora se aposentou em 2016 após os jogos do Rio, porém em 2013,  enquanto ainda competia, foi eleita para a Comissão de Atletas do COI, e em 2018 se tornou Ministra do Esporte do Zimbábue. 

Kirsty, que recentemente havia se tornado membro do Conselho Executivo do COI, deve assumir em 23 de Junho de 2025 e ficará no lugar do até então presidente Thomas Bach, que está desde 2013 no poder. Coventry foi a primeira mulher a vencer as eleições, mas antes dela, Anita de Frantz abriu caminhos ao ser a primeira a concorrer pelo cargo, servindo como fonte de inspiração para a ex-atleta.

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Kirsty Coventry, primeira mulher presidente do COI. Reprodução: IOC/ Greg Martin

 

A decisão divide opiniões. Por um lado, ter uma mulher no comando de uma instituição majoritariamente composta por homens pode significar mudanças, porém a carreira política de Kirsty é controversa, isso por conta de seu apoio ao partido governante do Zimbábue (ZANU - PF), liderado pelo presidente Emmerson Mnangagwa e conhecido por um regime de corrupção e abuso aos direitos humanos. 

O meio esportivo foi criado por homens e para homens, “a participação das mulheres não era bem vinda no esporte, então a presença da Kirsty é transformadora, porque de alguma forma traduz a mudança desses tempos.”, afirma a historiadora do futebol Aira Bonfim em entrevista para a AGEMT.

Depois de 130 anos de existência, ter uma mulher africana assumindo pela primeira vez o cargo de máxima liderança do órgão mais importante em relação a visibilidade dos esportes de alto rendimento pode ser a chave para reaver os indicadores que fizeram o esporte ser construído sob uma estrutura tão preconceituosa. “Que sirva de exemplo para outras confederações, de cada uma das modalidades, em diferentes países.” complementa Aira.