Jovens influenciadoras acendem debate social

Briga entre criadoras de conteúdo mirins gera discussão sobre limites e linchamento nas redes
por
Gianna Albuquerque
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16/05/2025 - 12h

 

A recente polêmica entre as jovens influenciadoras Antonela Braga, Liz Macedo, Julia Pimentel e Duda Guerra tomou conta das redes no início do mês e exemplificou como o cancelamento digital é praticado. Entre os defensores da responsabilização pública e os que a enxergam como linchamento virtual disfarçado de justiça, o episódio reacendeu discussões sobre a linha tênue em que críticas em massa deixam de ser ferramenta de mudança e passam a reproduzir violências que pretendiam combater.

O conflito mencionado ocorreu durante uma viagem a Gramado (RS), após Antonela relatar ter sido excluída pelas outras três influenciadoras. Estas justificaram a atitude. Em publicações nas redes sociais, disseram ter ficado incomodadas com certos comportamentos de Antonela. Rapidamente, o que era um embate entre colegas tomou conta do TikTok e Instagram, gerando milhares de vídeos e hashtags em apoio à suposta vítima e massivas críticas às outras criadoras envolvidas. A reação pública evidenciou um comportamento comum no ambiente digital: a cultura do cancelamento.

Em entrevista à Agemt, Mariana Marinello, de 14 anos, que acompanhou com detalhes a situação nas redes, descreve as críticas realizadas pelos usuários como extremamente agressivas. “A Antonela não merecia aquilo, mas estão pegando pesado com as outras meninas. Quando ofende e deixa o outro desconfortável, vira ataque, não crítica”, comenta.

Caracterizada pela cobrança pública de atitudes consideradas inadequadas, a cultura do cancelamento muitas vezes ignora contextos e desproporciona reações. Entre adolescentes, os impactos são ainda mais nocivos. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, 93% dos jovens entre 9 e 17 anos usam redes sociais e estão expostos a julgamentos intensos. Além disso, para a psicóloga Ana Paula Orsini, o cancelamento entre jovens vai além da discussão moral nas redes. “Ele pode desencadear ansiedade, insegurança e cyberbullying”, explica. E, logo acrescenta: “A exposição repentina pode gerar sensação de rejeição extrema e quem participa ativamente do cancelamento, pode depois lidar com consequências como culpa, estresse e normalização da agressividade”.