Israel e Hamas fecham acordo para trégua em Gaza

Após madrugada de intensas negociações, representantes de Israel e do Hamas concordaram em estabelecer pausa de quatro dias
por
Manuela Troccoli
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23/11/2023 - 12h

Depois de vários dias de impasses, ataques e troca de acusações após ofensiva do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro de 2023, Israel e Hamas concordaram em uma trégua de quatro dias, que foi mediada pelo Catar. O anúncio foi feito na quarta-feira (22). 

A pausa permite a libertação de 50 reféns mantidos em Gaza - sendo mulheres e crianças - em troca de 150 palestinos - também mulheres e crianças - que estão detidos em Israel. Além da troca, o cessar-fogo interrompe os bombardeios israelenses em Gaza e viabiliza a entrada de ajuda humanitária. Segundo a Qahera, TV estatal do Egito, a trégua começa às 10h, no horário local (4h, horário de Brasília). Além disso, ainda nesta quarta-feira (22), foi destacado que Israel permitiu a entrada de combustível e ajuda humanitária em Gaza.

Em comunicado oficial enviado a Doha, o governo de Israel afirmou que a trégua humanitária pode durar mais tempo. “A soltura de cada dez novos reféns resultará em um dia adicional de pausa”, disse o comunicado. Nas redes sociais, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “não queria, honestamente”, ao responder o comunicado oficial sobre o cessar-fogo. 

“O governo de Israel está empenhado em devolver todos os reféns para casa. Hoje à noite, ele aprovou o acordo proposto como um primeiro estágio para atingir esse objetivo”, diz o documento, divulgado após horas de deliberação.

O representante da ala política do Hamas, Musa Abou Marzouk, celebrou o acordo de trégua humanitária, que garante a troca de prisioneiros. "As disposições deste acordo foram formuladas em conformidade com a visão da resistência e da determinação que buscam servir o nosso povo e reforçar sua tenacidade diante da agressão", e acrescentou: "confirmamos que nossos dedos vão continuar nos gatilhos e que nossos batalhões triunfantes vão permanecer de prontidão", disse Marzouk.

Apesar da trégua, no início da reunião do governo, Netanyahu manteve o status de guerra no país. “Estamos em guerra e continuaremos a guerra até atingirmos todos os nossos objetivos. Destruir o Hamas, devolver todos os nossos reféns e garantir que nenhuma entidade em Gaza possa ameaçar Israel”, afirmou o premiê israelense.

Sob olhares do mundo

A mediação por parte do primeiro-ministro do Catar, Mohammed Ben Abdel Rahmane Al-Thani, teve início no domingo (19), em colaboração com o Egito e os Estados Unidos. Os países desempenharam um papel fundamental neste acordo, para garantir uma pausa momentânea no conflito, e a mediação de Al-Thani foi aprovada por Israel, Hamas e Estados Unidos.


Antes da aprovação do acordo, o presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou otimismo sobre a proposta de libertação dos reféns. “Tenho conversado com as pessoas envolvidas todos os dias. Eu acredito que isso vai acontecer. Mas não quero entrar em detalhes”, disse Biden a repórteres na Casa Branca.

Sem citar lados, durante a cúpula do G20, na quarta-feira (22), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez questão de saudar publicamente o acordo. “Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina”, comentou Lula.

Além de ter criticado a atuação dos organismos internacionais, incluindo o Conselho de Segurança das Nações Unidas, no G20, o chefe do executivo brasileiro também fez questão de apontar a demora da trégua humanitária, que aconteceu após 40 dias de guerra.

"Nós estamos vendo o que está acontecendo em Israel. Nós estamos vendo o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Vocês viram que foi feito um acordo ontem (21) depois de 14 mil mortos, depois de quase 6 mil desaparecidos, depois de quase 6 mil crianças mortas. Depois de centenas de mulheres fazerem cesariana para tirar o filho antes de morrer", discursou Lula em evento no Palácio do Planalto.

A lista

O Ministério da Justiça de Israel publicou uma lista de 300 palestinos que podem ser libertados. A lista é composta, em sua maioria, por adolescentes presos no ano passado por delitos menos graves, incluindo membros do Hamas, Fatah, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Liberação de Palestina.