As invenções fazem parte da nossa história e sua importância passa pela evolução da sociedade, seja por sua praticidade, entretenimento ou prazer. No Brasil, inúmeros inventores brasileiros já produziram invenções que ajudaram a população e foram comercializadas no mercado nacional e internacional. Como por exemplo, o avião de Dumont e o rádio de Landell.
Porém, mesmo que isso aconteça, esses profissionais que não trabalham para empresas, sofrem com a falta de incentivo governamental e a burocracia para patentear suas ideias, pelos valores que precisam ser pagos aos advogados, para comprovação de sua originalidade. Além de alguns inventores sentirem dificuldades em vender os seus produtos, por não possuírem a desenvoltura de ser um vendedor.

A Associação Nacional dos Inventores (ANI), intermediadora entre os inventores e empresas, ajuda-os a vender os seus produtos e facilitar as burocracias de patentear um projeto. A diretora executiva da entidade, Daniela Mazzei, conta que a ideia da criação da associação surgiu há 30 anos, quando um casal de irmãos inventores com experiência no registro de marcas viajou a uma feira de inventores no exterior e descobriu que existiam diversas associações no mundo para reunir essas mentes criativas que tinham as mesmas necessidades. Mas no Brasil ainda não havia nada parecido.
A diretora executiva afirma que, hoje, a ANI faz um trabalho bem completo, auxiliando e ajudando quem tem alguma ideia ou quem não sabe o que fazer com o projeto. “A empresa auxilia no processo de marketing, de patente, e na parte de negociação desses projetos”, comentou Daniela. Ela ainda reafirmou que o trabalho da associação é justamente esse: orientar e auxiliar empreendedores, inventores e até empresários em todos os ramos voltados a propriedade intelectual, ou, propriedade industrial, registro de marca, patente e direitos autorais, isso tanto no Brasil quanto no exterior.
Além disso, há muitos inventores que não sabem por onde começar para colocar suas ideias em prática, e a diretora cita que em alguns casos precisam de investidores. Para isso, a empresa procura gerar ao produto do inventor um impacto surreal no mercado, como exemplo, as invenções do “macarrão” para piscinas, de Adriano Sabino, que hoje é um fenômeno no mercado para quem tem piscina em casa, pela diversão e auxílio a um possível afogamento.
Daniela garante que tem boas expectativa quanto ao mercado de inventores: “acho que esse número tende a aumentar, porém, a grande questão hoje é que muitas vezes as pessoas não se enxergam como inventores, mas sim como empreendedores, mas que seus produtos não deixam de ser uma invenção”.
A diretora executiva nos traz um dado interessante, onde pesquisas mostram que mais de 60% do que foi inventado foi pensado por uma pessoa física e não uma empresa, alertando que isso deve ser valorizado e que aqui no Brasil, não temos um incentivo para que os inventores levem suas ideias adiante, diferentemente dos países mais desenvolvidos, onde cada pessoa tem um direito a fazer uma patente sem gastar muito.
Daniela crê que a partir do momento em que existirem incentivos e o próprio governo falar sobre isso, acaba por florescer um pouco mais o conhecimento. A falta de informação de muitos professores, tanto de escola quanto de faculdades, sem explicação de como funciona uma negociação de patente, empobrece a cultura da invenção. Então, a diretora da ANI afirma que este é um tema que precisa ser levado a sério.
De acordo com Paulo Gannam, um profissional autônomo dessa área de invenção, há outro possível problema, como do empresariado ser cauteloso ao risco, não querendo investir e, muitas vezes, apenas entrar em contato com o inventor aparentando ter interesse na invenção, pedindo detalhes, mas só para verificar como poderia copiar sua ideia sem ser legalmente punido.
Bem como, para o inventor, o auxílio governamental é essencial. “O governo precisa criar uma cultura de valorização à criatividade e à propriedade intelectual produzida por inventores brasileiros, que, embora anônimos, são responsáveis por mais de 50% de toda a produção de patentes no Brasil, sejam elas patentes de invenção ou patentes de modelo de utilidade.”, comentou Paulo.
“Necessita também criar programas e editais de fomento à inovação que atendam às demandas de inventores independentes, pessoas físicas, para que estes possam acelerar seus projetos, partindo-se do princípio de que inovação nasce em toda esquina, e não há motivo justo para que ela fique restrita a grandes centros de pesquisa de empresas e universidades.”, concluiu o inventor.
Desta forma, é necessário obrigar os órgãos responsáveis de Inovação a darem o real suporte a projetos de inventores independentes, para que eles atinjam um amadurecimento suficiente, ao ponto de conseguirem negociar seus projetos. Para assim, os inventores com o devido suporte, resultarem em mais empregos, mais concorrência entre empresas – de forma saudável, e mais arrecadação de impostos. Adquirindo uma melhora na economia e na sociedade, que passa a ter acesso a novos produtos e serviços que poderiam fazer toda a diferença em suas vidas.
Muitos tratam a invenção como um hobbie, como inventar um brinquedo com uma garrafa PET para seu filho ou então algo para facilitar em alguma tarefa doméstica. Também há aqueles em que o prazer por inventar pulsa, em uma busca insaciável para criar algo único, que revoluciona o mundo. Com isso, no dia 04/11, comemora-se o dia do inventor e a sua importância cultural e educacional é essencial para o crescimento da sociedade.