O processo começa com o carregamento do carro. Poucos estabelecimentos, hoje em dia, já são equipados com o que é necessário, então os próprios artistas levam seu material. Com os instrumentos e os equipamentos preparados, a dupla se dirige ao bar onde vão se apresentar, não muito longe de onde moram no Anália Franco.
Os músicos Pedro Novas, 35, e Mário Figueiredo, 62, que trabalham de forma independente, buscam sempre o melhor contato com o público, e ,dessa forma, criam uma abrangência de espectadores. No cotidiano, os artistas decidem as casas em que vão tocar, estudando o estilo do público que as frequenta e quais músicas serão tocadas, para que tanto a freguesia quanto os artistas gostem do que está sendo apresentado.
Chegar com antecedência é essencial, para já se garantirem caso um imprevisto aconteça, e também para montar o equipamento e passar o som. Então, o show começa. Se apresentando em dupla, sem a presença de uma banda completa, e só com instrumentos típicos de uma apresentação acústica, alguns estilos musicais e músicas se tornam inviáveis. Porém, eles se preparam para explorar seu repertório o máximo possível, até mesmo aceitando sugestões do público.
Insegurança econômica é uma realidade presente em trabalhadores autônomos, e com a dupla não é diferente: ”É viver no limite de dinheiro”. Quando são contratados para festas, eles ainda têm uma expectativa de receber mais dinheiro, e quanto maior for o cachê, melhor é o equipamento.
No meio musical, a disponibilidade e a flexibilidade são aliados, e a insistência para a conquista de novos espaços precisa ser comum. O carisma passa a ser uma prioridade, e a zona de conforto não deve ser recorrente. O objetivo é mostrar qualidade sem perder toda simpatia, e eles reforçam que a conexão com os espectadores se torna parte do show.
Contudo, a relação com o público nem sempre é tão boa: a recente polarização no Brasil se tornou um empecilho no trabalho da dupla. As declarações políticas feitas pelos artistas nas redes sociais apoiando as ideologias de esquerda levaram os artistas a perderem público, principalmente na região onde moram, um dos bairros que mais votou no atual presidente Jair Bolsonaro. Esse cenário levou Pedro, homossexual assumido e casado, a sofrer discriminação, com comentários homofóbicos nas redes sociais.