A crise econômica enfrentada pelos Estados Unidos é o resultado de uma soma de fatores que em conjunto pressionam a economia. Entre os fatores estão a influência que a guerra na Ucrânia tem sobre o preço internacional do petróleo, a bolha do mercado imobiliário norte americano e a hegemonia do dólar e dos Estados Unidos.
O cenário atual dos EUA é marcado pelo aumento constante nos preços dos produtos, marcando um PIB (Produto Interno Bruto) com queda de 1,4% no mês de abril e com uma variação negativa, marcando 1,5% em maio. Como reflexo da guerra que já dura mais de cinco meses no leste europeu, o preço Internacional do Petróleo tem se mantido em alta. No dia 19 de junho houve uma queda de R$25,56 no preço do galão de combustível nos EUA, e a média nacional é de US$ 4,98
Para Claudemir Galvani, economista e professor do departamento de economia da PUC-SP, existe a probabilidade de haver uma recessão nos EUA por causa do investimento que o governo tem feito com a guerra na Ucrânia. “A Inflação elevada nos EUA, nos últimos 30 anos acostumado a ter a inflação na moeda americana na ordem de 0,5 1,5%. Quando chega a 2% era muito elevado, agora está próxima de 8%, então isso é muito significativo”, afirma Galvani.
O economista também explica sobre o impacto gerado pela Inflação americana em todo o mundo. “Toda vez que os EUA emitem moeda, o resto do mundo acaba sendo afetado, pois a moeda acaba desvalorizando. O aspecto negativo é que ela está nas reservas do Brasil, China e Índia. O mundo inteiro usa o dólar como padrão de reservas, mas mesmo assim o enorme gasto com a guerra financiada por Trump está fazendo uso de recursos públicos para movimentar a indústria bélica americana”, diz Galvani.
Na avaliação de Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, há grandes possibilidades de uma recessão nos EUA. “A previsão era de 10% nesse início do ano, agora essa possibilidade cresceu para 30%. Mas o mais provável é que haja uma desaceleração lenta da economia motivada por um declínio paulatino da inflação a partir do uso dos fundos do Federal reserve dos EUA (FED Funds)”, explica Amaral.
Ainda tratando sobre conflito internacional entre Rússia e Ucrânia, o professor Rodrigo Amaral destaca a importância dos países como produtores de matérias-primas, sendo responsáveis por 30% da produção de trigo, e no caso da Rússia, por uma grande participação na produção de gás natural, para o professor a guerra somada às sanções adotadas impactam nos preços de muitos produtos. “O choque das commodities continua à medida que a guerra continua. Na verdade, intensifica mediante as medidas sancionarias dos EUA à Rússia cobram seu preço no mundo todo à medida que alimentos, grãos, fertilizantes estão a preços altíssimos”, explica o internacionalista.
No contexto da invasão do Iraque o professor aborda que há um caráter hegemônico, pontuando que o dólar é utilizado como referência mundial e o país se sente ameaçado quando tentam substituí-lo pelo euro: “O Brasil que era o maior cliente do Iraque na compra de petróleo teve que trocar parte da sua reserva de dólar para euro, dessa forma acabou provocando a valorização do euro através do aumento de sua demanda e consequentemente o dólar vendido acaba sendo desvalorizado”, explica Galvani.
No contexto econômico norte americano o aumento dos juros é aplicado da mesma maneira que ocorre aqui no Brasil pelo Banco Central, como forma de encarecer o crédito e diminuir a demanda para que os preços sejam reajustados. Porém, o professor Claudemir Galvani explica que a crise dos EUA é uma crise de custos (encarecimento das coisas em um curto espaço de tempo). “A inflação dos EUA não é só de demanda ela é de custo também, porque com a guerra o suprimento de alimentos de grãos que vinham da Ucrânia e também da Rússia pararam, ou seja, é um problema de oferta” diz Galvani.
Com a decisão da Rússia de não exportar petróleo ao ocidente, sendo o país um dos cinco maiores exportadores de petróleo no mundo, atingiu diretamente os preços dos combustíveis nos Estados Unidos, para além disso, com a decisão, o preço do petróleo também subiu, já que a oferta para o ocidente é menor.
Tratando-se da invasão do Iraque o professor aborda que há um caráter hegemônico, pontuando que o dólar é utilizado como referência mundial e o país se sente ameaçado quando tentam substituí-lo pelo euro: “O Brasil que era o maior cliente do Iraque na compra de petróleo teve que trocar parte da sua reserva de dólar para euro, dessa forma acabou provocando a valorização do euro através do aumento de sua demanda e consequentemente o dólar vendido acaba sendo desvalorizado”, explica Galvani.