A ineficácia da saúde brasileira

Segundo dados de 2018 do Conselho Nacional de Medicina (CFM), 89% dos brasileiros classificam a saúde – pública ou privada – como péssima, ruim ou regular.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
|
14/09/2023 - 12h

No Brasil há uma luta constante pelo direito ao acesso à saúde. O país possui um sistema misto, composto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que fornece atendimento público e gratuito, e serviços privados. Porém, o acesso é desigual, dificultando o atendimento e de qualidade para a população.

 

Fonte: Clique diário

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo IBGE, mostram que 7 em cada 10 pessoas dependeram do SUS naquele ano. Segundo a médica especialista em Geriatria e Clínica Médica, Aline Thomaz, embora o Brasil conte com o maior e mais completo sistema de saúde do mundo, o SUS, seu funcionamento é falho: “Estas qualidades não tornam este sistema eficiente e, muito menos verdadeiramente universal.”

Em 2018, um estudo realizado pelo jornal científico The Lancet,  revelou que no país morrem por ano 51 mil pessoas, em decorrência da falta de atendimento de saúde e outras 153 mil mortes são causadas pela má qualidade do serviço

 

Saiba como funciona o novo Cartão SUS - Prefeitura do Paulista - Cuidando  da cidade, trabalhando pra você.

Fonte: Cartão SUS

 

Essa problemática é fruto do grande uso que a população faz do SUS, atrelado à falta de recursos, infraestrutura inadequada e má gestão, de modo que ele não esteja preparado e não consiga atender com qualidade e dignidade a demanda social.

Durante a Pesquisa Nacional de Saúde, concluiu-se ainda que 30% da população possuía algum plano da saúde, ou seja, conta com um serviço privado. Essa porcentagem traz consigo outra problemática da saúde brasileira: os obstáculos dos pacientes em usufruírem de seus planos médicos.

No país, as burocracias excessivas e a limitação de cobertura, dificultam o acesso e uso do plano de saúde de pacientes. Zelda Machado Vilela, empresária e mãe de Pedro Ivo Vilela relata a dificuldade constante que enfrenta para conseguir que o convênio atenda a suas necessidades: “Meu filho precisava da nova versão do implante coclear dele, uma vez que o que ele usava tinha sido descontinuado, por fim acabaram negando um novo, o que é ruim para o desenvolvimento auditivo dele. Foram apenas atender ao meu pedido quando entrei com uma reclamação no ANS (Agência Nacional da Saúde Suplementar). Situações como essa são recorrentes.

 Tal realidade pode apresentar grandes perigos, pois muitas vezes a espera por resposta dos convênios resulta na demora do atendimento, que pode ser crucial para casos graves.

A restrição de cobertura também é um grande problema, que acarreta muitas vezes no abandono de tratamentos ou então leva o paciente a recorrer a outros meios de atendimento, como o SUS ou pagar do próprio bolso.

Perante a realidade apresentada no país, organizações não governamentais (ONGs) e a sociedade civil têm desempenhado um papel vital na luta pela saúde no Brasil, buscando garantir o acesso a tratamentos, medicamentos e serviços. Essas entidades desempenham uma função complementar ao sistema, agindo como defensores dos direitos dos cidadãos, dando voz e atendendo a casos ignorados pelos órgãos brasileiros.

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP.

Tags: