Impasse entre governo e funcionários do Metrô provoca caos na capital paulista

Linhas que transportam 2,8 milhões de passageiros foram paralisadas desde as primeiras horas da manhã.
por
Luísa Ayres
Henrique Alexandre
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23/03/2023 - 12h

A greve no Metrô de São Paulo, que teve início na madrugada desta quinta-feira, 23, foi definida após assembleia organizada pelo Sindicato dos Metroviários na noite da véspera. As linhas 1 (Azul), 2 (Verde), 3 (Vermelha) e 15 (Prata-Monotrilho) foram fechadas devido à paralisação. 

O protesto pacífico organizado pelos trabalhadores reivindica melhores condições de trabalho, bem como o pagamento do abono salarial, a anulação de demissões por aposentadoria, o fim das terceirizações e a contratação de novos funcionários.

Para não prejudicar o fluxo de passageiros, sobretudo durante os horários de pico, a proposta inicial feita pelo Sindicato dos Metroviários era de que a população pudesse embarcar sem pagar a tarifa, ou seja, com as catracas liberadas.

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Caos no metrô de São Paulo atrasou a vida de milhões de paulistas - Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a presidente do Sindicato, Camila Lisboa, a proposta teria sido aceita por uma juíza, por volta de 08:00h. Já em torno das 12:00h os metroviários ainda não haviam recebido a autorização operacional para que pudessem retornar ao trabalho. Ao mesmo tempo, descobriram que, apesar do acordo das catracas livres, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, o havia proibido.  

“Nós, Metroviários, estamos nos nossos postos, prontos para trabalhar. O Metrô e o governo Tarcísio que ainda não liberaram a operação”, escreveu Lisboa em seu Twitter antes das 11:00h. A página do Metrô também se pronunciou nas redes sociais, dizendo que  “lamenta a decisão do Sindicato de punir a população paralisando o serviço essencial de transporte”, o que não dialoga com a proposta inicialmente feita pelos metroviários. 


 

ALTERNATIVAS SALGADAS

Já que os trens não estavam disponíveis, restou pra população encontrar outras opções pra andar pela cidade. Mas essas alternativas eram, em sua maioria, pesadas, tanto no bolso, quanto no psicológico.

Quem tinha condições financeiras recorreu ao aplicativo de carros Uber para tentar ir ao seu destino final. Porém, além do trânsito que era visto na cidade, os preços das corridas subiram exorbitantemente. Há passageiros que relataram para a AGEMT que as viagens chegavam a quase R$90,00 indo da Bela Vista até a Berrini, ambos os bairros na Zona Sul da capital. 

Já quem não podia pagar os preços assustadores dos carros de aplicativo, a opção foi desviar a rota usando o transporte público. A Daniela Oliveira, estudante de jornalismo, disse que teve que usar caminhos muito diferentes pra chegar ao trabalho: “Eu moro na Zona Leste, em Itaquera, onde a principal linha de metrô que atende aqui é a 3-Vermelha. Então, pra chegar ao trabalho, por exemplo, tive que buscar um caminho alternativo muito maior e mais demorado. Tive que pegar um uber até a estação José Bonifácio. De lá tive que ir até a Luz pra conseguir chegar até a estação mais próxima do trabalho, já que a linha verde não estava funcionando, e andar mais uns 15 minutos.”

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CPTM ficou sobrecarregada com a paralisação do Metrô - Foto: Reprodução/Metrópoles

Além dessa opção de pegar caminhos mais longos, os paulistas também puderam usar o sistema de emergência que o governo do estado criou. Linhas de ônibus foram criadas e reforçadas, sendo elas:

 

Linhas criadas 

 

  • Metrô Tucuruvi - Praça do Correio (circular)
  • Metrô Santana - Praça do Correio (circular) 

 

Linhas reforçadas

 

  • 175T/10 Metrô Santana - Metrô Jabaquara
  • 157P/10 Metrô Santana - Ana Rosa 
  • 2104/10 Metrô Santana - Term. Pq. D. Pedro II
  • 5290/10 Div. de Diadema - Term. Pq. D. Pedro II
  • 5106/10 Jd. Selma - Largo São Francisco
  • 574A/10 Americanópolis - Largo do Cambuci
  • 118C/10 Jd. Pery Alto - Metrô Santa Cecília
  • 9300/10 Term. Casa Verde - Term. Pq. D. Pedro II
  • 107T/10 Metrô Tucuruvi - Term. Pinheiros
  • 208V/10 Term. A.E. Carvalho - Term. Pq. D. Pedro II
  • 1177/10 Term. A.E. Carvalho - Luz
  • 233A/10 Jd. Helena - Term. Vila Carrão
  • 4310/10 ET Itaquera - Term. Pq. D. Pedro II

 

Estações da CPTM registraram longas filas e tumultos pra embarque. Já a EMTU, empresa de ônibus que atende a região metropolitana de São Paulo, funcionou normalmente e com reforço e também registrou lotações filas.

Após audiência marcada para às 17:00h de hoje, o Metrô comunicou a volta parcial das operações das linhas, que deve ser normalizada até as 20:00h, ainda nesta quinta-feira.

Até o fechamento desta reportagem, os metroviários seguiam reunidos em assembleia e para decidir pela continuidade ou não da greve nesta sexta-feira.