Hooliganismo: selvageria, consequências e fim ?

Hooligans: A face sombria do futebol que desafia autoridades e segurança nos estádios
por
Fábio Pinheiro
Matheus Pogiolli
|
13/11/2023 - 12h

Desde a criação do futebol, a violência sempre acompanhou a modalidade. Inicialmente disputado na Inglaterra, por famílias contrárias, o esporte carregava um ar de disputa que não se limitava ao jogo.

Os Hooligans, principais personagens desse tipo de definição, começaram sendo definidos como vândalos, ainda na década de 1890. A palavra "hooligan", inclusive, começou a ser ainda mais conhecida após um relatório policial utilizar do termo para definir jovens de gangues presentes em Lamberth como The Hooligan Boys.

Mesmo sem tanta ligação inicial com o futebol, os hooligans, por conta da junção entre futebol e violência, demonstravam, cada vez mais, proximidade com o esporte.

Esses "vândalos", como eram definidos, tomaram o mundo do futebol por volta do final dos anos 50, com seu fanatismo e suposto amor pelos clubes que torciam. A agressividade e intolerância com torcedores rivais já demonstravam indícios de possíveis cenas lamentáveis. E o inevitável aconteceu, com mais frequência, na década de 80, onde os grupos protagonizaram cenas de selvageria e confrontos mais assíduos, seja contra torcedores adversários ou até mesmo a polícia que, por sua vez, tentava controlar os mesmos. 

Ainda na década de 50, torcedores do Newcastle United, clube inglês, protagonizaram, em praticamente todos os jogos, invasões de campo, briga com torcedores rivais e atrito com a polícia. Na época em questão, duelos contra torcedores do Millwall, clube londrino, ficaram conhecidos e são vistos, mesmo que em minoria, até os dias de hoje.

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

Uma das brigas entre hooligans mais famosas foi em uma final de Champions League, em 1985. Na partida em questão, Liverpool (Inglaterra) e Juventus (Itália) duelaram dentro de campo, enquanto nas arquibancadas, a selvageria acontecia. 
Torcedores do Liverpool invadiram o setor destinado aos fãs da Juventus, afim de brigar e colocar seu ódio pelo adversário em prática. Naquele dia, 38 pessoas morreram e outras inúmeras ficaram feridas. Esse acontecimento causou a expulsão de clubes ingleses da competição durante cinco anos. 

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Infográfico crédito: PL Brasil

Outro grande e triste acontecimento foi em Sheffield, na Inglaterra, novamente com invasão de torcedores do Liverpool. Na ocasião, mesmo sem o intuito de agredir torcedores que estavam dentro do estádio, os fãs entraram no estádio que, como consequência, superlotou e ocasionou a morte de 96 pessoas, além de 766 ficaram feridos. Os falecimentos e complicações foram, em sua maioria, por asfixia, decorrente do enorme e inesperado número de pessoas dentro do palco da partida. Esse dia ficou conhecido como "Tragédia de Hiilsborough". 

CONSEQUÊNCIAS

Com a exclusão de clubes ingleses do tão sonhado título continental, as autoridades do país fizeram uma perseguição a fim de acabar com os diversos grupos de hooligans ingleses. 

Essas investigações ocasionaram diversas prisões de vários grupos, fazendo com que o movimento de Hooliganismo diminuísse, mas, ainda assim, não foi extinto. 

Em 2016, por exemplo, hooligans ingleses reapareceram. Um confronto entre torcedores ingleses e russos na final da Eurocopa chamou a atenção do mundo futebolístico, mostrando que esses grupos, mesmo que em baixo número, ainda existem. 

Diversas ações foram feitas com a finalidade de extinguir os "brigões" dos estádios. Câmeras de segurança tiveram um aumento de instalações nos estádios, além da grande parte dos palcos dos jogos terem mecanismos de biometria para adentrar às casas dos clubes. 
Muitos, aliás, adotaram o movimento de assistir aos jogos sentados, para que os jogos fossem, de certa forma, mais pacíficos. 

Os Hooligans ingleses não estão extintos. Eles ainda existem, mas com maior fiscalização e preparação das autoridades de países envolvidos com o futebol.