Holanda vende caro a derrota, mas está eliminada da Copa

Seleção holandesa reage em momento improvável do jogo, mas param nos pênaltis em atuação de gala do goleiro argentino.
por
Pedro Pina
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13/12/2022 - 12h

Depois de oito anos, a seleção da Holanda voltou a disputar uma partida de quartas de final da Copa do Mundo, a última havia sido no Brasil, em 2014. O confronto na sexta-feira (09) contra a Argentina, no Estádio Lusail, mostrou a força de Louis Van Gaal no comando da Laranja Mecânica. Mas a derrota nos pênaltis vai ser difícil de digerir. 

Nesta edição de Copa, Van Gaal fez algumas apostas na defesa, como o goleiro Andries Noppert como titular - ele estreou pela seleção na Copa -, o meio e o ataque foram motivos de dor de cabeça para o treinador. Apesar de bons jogadores nos dois setores, as combinações não estavam se encaixando e o futebol apresentado pelos holandeses não era bom. 

Por essas razões, o treinador precisou ir mexendo no time no decorrer da competição. Para o jogo contra a Argentina, nas quartas de final, não foi diferente. No meio de campo Davy Klaassen, que havia ganhado a posição de titular na fase de grupos, deu lugar para Steven Bergwijn. A proposta holandesa era clara de fortalecer o meio de campo para controlar o setor criativo argentino e contar com uma dupla de ataque, formada por Bergwijn e Memphis Depay, com velocidade e poder de finalização. 

A entrada de Bergwijn fez Van Gaal recuar um pouco mais o melhor jogador da Holanda na Copa, o jovem Cody Gakpo, para uma função de mais criação. A tentativa não deu muito certo, durante o jogo a Holanda teve problemas para criar e marcou mal as investidas Argentinas ao ataque. 

Aos 35 do primeiro tempo, depois de passe de Lionel Messi, o lateral Molina marcou para abrir o placar para os argentinos. A situação piorou na segunda etapa, quando aos 28 minutos Messi cobrando pênalti ampliou para os sul-americanos. O resultado e a eliminação já pareciam definitivos, até que Van Gaal aposta na artilharia aérea e coloca Luuk de Jong e Wout Weghorst, nos lugares de Daley Blind e Memphis Depay, respectivamente. 

Seleção Holandesa
Atacante Weghorst foi o autor dos gols do empate no tempo regulamentar. Foto: Paul Childs / Reuters 

Sem nada a perder, nos 10 minutos finais de partida a Holanda fez valer a aposta de seu treinador. Aos 38 minutos, apenas 5 minutos depois de entrar em campo, Weghorst aproveitou cruzamento de Berghuis para diminuir o placar, 2 a 1. O jogo que parecia definido ficou aberto e deu esperanças aos holandeses, que tiveram problemas para criar oportunidades durante toda a partida. 

E com emoção, na última bola do jogo, em uma jogada ensaiada de falta na entrada da área, Koopmeiners rolou para Weghorst na pequena área, girar e bater fraquinho para vencer o goleiro Emiliano Martínez. Empate histórico holandês, em um lance que entrou para a história das Copas do Mundo, 2 a 2. 

Na prorrogação, a Holanda continuou com dificuldades para criar chances, mesmo com o empate, e um apagão no plano tático argentino, os holandeses não conseguiam encaixar bons contra-ataques. Pelo contrário, no segundo tempo da prorrogação a Argentina passou quase todos os 15 minutos de jogo no campo ofensivo, impondo dificuldades para os holandeses. No último lance do jogo, Enzo Fernández ainda acertou a trave do goleiro Noppert, mas não teve jeito, o jogo foi decidido nos pênaltis. 

Na marca da cal, o capitão Van Dijk e o atacante Berghuis pararam em uma atuação inspirada do goleiro Dibo Martínez. Koopmeiners, Weghorst e De Jong fizeram o dever de casa e acertaram, mas não foi suficiente. O goleiro Noppert não parou as cobranças de Messi, Paredes, Montiel - o meio-campo Enzo Fernández chutou para fora - e Lautaro Martínez, que converteu a quinta cobrança e decretou a vitória albiceleste, 4 a 3 nos pênaltis. 

Seleção Holandesa
Goleiro argentino defendeu duas cobranças holandesas. Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters 

A eliminação coloca algumas dúvidas para o próximo ciclo holandês. O técnico Van Gaal não tem a garantia de permanência até a próxima Copa, e a rotatividade de técnicos foi um problema nos últimos anos da Laranja Mecânica. O futebol apresentado também é um motivo de atenção da seleção europeia, mesmo com bons jogadores, em alguns momentos da competição o time não mostrou sua superioridade técnica em campo. Para animar até 2026 fica o frescor das boas atuações dos jovens Gakpo e Frenkie De Jong, que podem conduzir a nova geração no próximo ciclo.