Guga Stroeter lança novo álbum

Ex-estudante de dois cursos de graduação da PUC-SP, Psicologia e Artes do Corpo, músico homenageia Matias Capovilla
por
Rodrigo Lozano Ferreira
|
30/06/2023 - 12h
Guga Stroeter segurando as "baquetas" de vibrafone

Ex-estudante da PUC-SP, o músico, produtor e diretor musical Gustavo Cerqueira Stroeter, mais conhecido como Guga Stroeter, lança, neste ano, novo álbum em homenagem ao músico e amigo Matias Capovilla. Guga fez como primeira graduação Psicologia na PUC-SP, nos anos 1980, momento em que começou a se aproximar mais da música. “Quando pessoas que conversam comigo falam, poxa, eu sou um músico frustrado, eu sou o contrário, um psicólogo frustrado”, comenta em tom satírico. A verdade é que ele não se importa com isso. Já, nos anos 2000, graduou-se em Artes do Corpo, novamente pela PUC-SP, adquirindo mais noção do teatro e outras artes. Ele ainda cursou um ano de jornalismo.

Sua trajetória acadêmica condiz com sua personalidade “multifacetada”:  “Muito tempo escrevi sobre música, publico livros sobre música, toco vibrafone, ao mesmo tempo que também sempre fui empresário de casas de show na cena de São Paulo”.

Ainda cursando psicologia, Guga e o notório grupo Nouvelle Cuisine, conseguiram registrar sua marca com uma gravadora local, que contratava bandas jovens alternativas da Zona Oeste de São Paulo, onde tocava o vibrafone. Não exatamente por opção, sua vida profissional passou a girar em torno da música, mas não só como músico. Escreveu para a Folha de S. Paulo, para a Vejinha, e publicou o livro ”Uma árvore da música brasileira”. Inspirado em um pôster com a árvore genealógica do jazz, desenvolveu a pesquisa desse livro, dividido em estilos musicais, que foi comprada pelo Sesc, no momento uma nova edição, organizada por recorte cronológico, está sendo preparada para lançamento.

O músico relembra uma história de juventude, em homenagem ao falecimento de seu amigo Matias Capovilla, ex-integrante da Orquestra Heartbreakers, criada por Guga e George Freire. Em 2022, além de contar sobre a produção de um álbum póstumo para ele. Em 21989 o grupo Heartbreakers (futura Nouvelle Cuisine) fez o trabalho de banda base para todos os artistas que iriam se apresentar no Copacabana Palace para o Prêmio Sharp de música brasileira, homenageando Dorival Caymmi, e com a presença de diversos outros ilustres artistas, como Paulinho da Viola, Dominguinhos, Elizeth Cardoso, Fagner, Marisa Monte, entre outros.

Eles mal sabiam, mas este evento marcaria o momento do último show de Elizeth Cardoso para o público, por conta de sua doença, não fora capaz de praticar as músicas antes, e o ensaio no dia anterior foi um fracasso. Guga, Matias e George, voltaram ao hotel durante a madrugada, e com um piano desenhado em papel higiênico, sandália havaianas lambida para usar como borracha quando errava a partitura, os três escreveram o arranjo para o dia seguinte, que tocou harmoniosamente. O livro da cantora inicia-se com este dia, mas claro, na visão dela e de outros artistas.

Essas dificuldades o “calejaram”? “Eu não sou nada nostálgico, não acho que vivemos um mau momento na música, muito pelo contrário. Eu por exemplo, dirijo uma orquestra de jovens, a maioria deles periféricos, que estão chegando aí com 20, 21 anos, e uma qualidade técnica absurda nos seus instrumentos, já estão compondo”.

Mas ele entende que a qualidade técnica não está restrito a músicos de orquestra, “A prática do instrumento em si, ela está muito bem, quanto a concepção da música brasileira, eu escrevi bastante crítica de disco, mas minha visão é sempre mais histórica antropológica; música une pessoas, e diferentes grupos se reúnem em torno de músicas e estilos. Então não acho que exista um estilo bom ou estilo mau, existe muita música que não foi feita para mim, mas não posso falar que a música que não foi feita para mim é ruim”.

Guga também se mostra positivo em relação a internet e a “explosão caleidoscópica” de diferentes estilos, e a possibilidade de eternizar sua produção, o que não era possível em sua época sem contrato com gravadora.

Guga Stroeter jovem tocando vibrafone

 

Tags: