Nesta segunda-feira (29), em Teahupo’o, no Taiti, sede do surfe nos Jogos de Paris, foi divulgado o chaveamento do mata-mata e marcou o início da competição, nas oitavas de final, com as baterias masculinas. O Brasil, representado por seis atletas na disputa, sendo a maior delegação da modalidade na edição, conheceu o seu primeiro eliminado: Filipe Toledo.
A disputa do feminino, que estava marcada para ser iniciada neste mesmo dia, foi adiada logo após a categoria dos homens, já que o tempo virou com fortes ventos, influenciando nas condições das ondas e assim, alterando a qualidade das manobras apresentadas pelas surfistas.
Mar grande e temido
O Comitê Olímpico Internacional (COI) optou que as disputas do surfe não fossem realizadas na França, devido a má qualidade das ondas nesta época do ano. É o único esporte disputado fora do país. O cuidado com o mar é importante para a realização da prática, por isso a competição tem uma janela de 10 dias. Assim, as baterias podem ser interrompidas e remarcadas, se as condições da praia não as beneficiarem.
Teahupo’o é conhecido pelas ondas formadas em um mar profundo, que quebram sobre corais venenosos e pontiagudos. A repentina diferença de 1.400m a 0,5m em um curto espaço, provoca grandes tubos quadrados e pesados. Filipe Toledo teme o mar grande e, consequentemente, nunca teve destaque surfando dessa forma.
Já os outros dois brasileiros, possuem um histórico positivo nessa onda. Gabriel Medina coleciona performances incríveis em seu mar favorito, onde venceu duas etapas da World Surf League (WSL). João Chianca, o “Chumbinho”, é um excelente “tube rider” — especialista em pegar tubos.
Caminho para o ouro
O surfe está cada vez mais encaminhado para sua fase final na Olimpíada de 2024. O torneio já está em formato eliminatório e os surfistas caíram no mar para a disputa das oitavas de final da seguinte forma:
- Bateria 1: Alonso Correa (PER) x Jordy Smith (RSA)
- Bateria 2: Reo Inabar (JPN) x Filipe Toledo (BRA)
- Bateria 3: Griffin Colapinto (USA) x Kauli Vaast (FRA)
- Bateria 4: Joan Duru (FRA) x Alan Cleland Quinonez (MEX)
- Bateria 5: Gabriel Medina (BRA) x Kanoa Igarashi (JPN)
- Bateria 6: João Chianca (BRA) x Ramzi Boukhiam (MAR)
- Bateria 7: Jhon Jhon Florence (USA) x Jack Robinson (AUS)
- Bateria 8: Ethan Ewing (AUS) x O’Leary Connor (JPN)
As quartas de final também já estão definidas:
- Disputa 1: Vencedor da bateria 1 x Vencedor da bateria 2
- Disputa 2: Vencedor da bateria 3 x Vencedor da bateria 3
- Disputa 3: Vencedor da bateria 5 x Vencedor da bateria 6
- Disputa 4: Vencedor da bateria 7 x Vencedor da bateria 8
A semifinal segue o mesmo formato:
- Vencedor da disputa 1 x Vencedor da disputa 2
- Vencedor da disputa 3 x Vencedor da disputa 5
Na modalidade feminina, a ordem é a mesma. O chaveamento para as oitavas de final ficou da seguinte forma:
- Bateria 1: Caroline Marks (USA) x Yang Siqi (CHI)
- Bateria 2: Tyler Wright (AUS) x Anat Lelior (ISR)
- Bateria 3: Vahine Fierro (FRA) x Johanne Defay (FRA)
- Bateria 4: Carissa Moore (USA) x Sarah Baum (RSA)
- Bateria 5: Nadia Erostarbe (ESP) x Shino Matsuda (JPN)
- Bateria 6: Caitlin Simmers (USA) x Tatiana Weston-Webb (BRA)
- Bateria 7: Luana Silva (BRA) x Tainá Hinckel (BRA)
- Bateria 8: Brisa Hennessy (CRC) x Yolanda Sequeira (POR)
Filipe Toledo dá adeus ao sonho olímpico
Em disputa contra o japonês, Reo Inaba, o bicampeão mundial Filipe Toledo saiu derrotado. Diferentemente do Round 2, em que Filipinho conquistou a vitória na repescagem com um mar calmo, a terceira fase teve mar grande e forte, desafiando os competidores.
Ainda no início da bateria, ambos os atletas tiveram suas pranchas quebradas após serem engolidos pela água. O brasileiro sofreu e parecia estar inseguro, nas tentativas errou com a escolha de ondas sem potencial ou era esmagado pelos tubos. O adversário escolheu arriscar mais e se deu melhor.
Surfando em seu “lar”, Medina fez história
Gabriel Medina é projetado como o grande favorito ao ouro no surfe em Paris. Confirmando o favoritismo, venceu mais uma bateria, está com 100% de aproveitamento na competição e bateu um novo recorde. A disputa foi contra o japonês Kanoa Igarashi, algoz que impediu a medalha do brasileiro em Tóquio 2020, quando o venceu com notas polêmicas na semifinal, revoltando a torcida brasileira.
A exibição de Igarashi foi bem tímida. Medina, se sentindo em casa, executou um exímio tubo logo no início da disputa, pediu o 10 para os juízes e ficou com 9.90: a maior nota da modalidade na história dos Jogos Olímpicos. O tricampeão do mundo continuou dominando o mar, realizou um outro tubo de 7.50 e se manteve líder com um somatório de 17.40. Um verdadeiro atropelo.
Chumbinho e a melhor bateria da competição
Considerada pelo público a melhor bateria da edição até o momento, João Chianca e Ramzi Boukhiam, do Marrocos, protagonizaram uma disputa acirrada, com tubos excelentes e notas semelhantes. O somatório final foi de 18.10 para o brasileiro e de 17.80 para o adversário.
Um drop — movimento em que o surfista passa da posição deitado para a posição em pé sobre a prancha — difícil auxiliou na primeira nota de Chumbinho, 9.30. Mas logo depois o marroquino respondeu com um tubo de 9.70.
Tudo parecia perdido nos últimos cinco minutos da competição, Chianca tinha as menores notas, porém, tudo mudou quando tirou um 8.80 no final. Agora, a disputa do jovem nas quartas de final será contra Gabriel Medina.
A previsão para o retorno do torneio de surfe nos Jogos Olímpicos de 2024 é na chamada desta terça-feira (30), às 14h (horário de Brasília).