A pandemia do coronavírus, desde o seu início (ainda no primeiro trimestre de 2020), trouxe inúmeras consequências negativas que impactaram fortemente diversos setores da nossa sociedade. Um desses setores é um esporte que está enraizado na cultura do povo brasileiro: o futebol. O esporte mais popular do mundo foi paralisado na maioria dos países do planeta após a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar a pandemia em março do ano passado. Entre maio e junho de 2020, os principais campeonatos da Europa voltaram a ser disputados. No Brasil, o futebol voltou em meados de junho, cerca de três meses depois da paralisação.
Com isso, os campeonatos da temporada 2020 voltaram a ser disputados no país, sem a presença de público nos estádios, o que gerou enormes prejuízos para os clubes brasileiros, principalmente para os de menor expressão, que contavam com o dinheiro da bilheteria para a sua saúde financeira.
No entanto, novamente em março, agora de 2021, o futebol volta a ser interrompido em diversos estados do país, como São Paulo e Minas Gerais, por causa do vertiginoso aumento do número de mortes causadas pela Covid-19. Nos últimos 7 dias do mês de março, a média móvel de mortes no Brasil chegou a 2.728. Mesmo assim, estados como Rio Grande do Sul e Bahia continuam permitindo a prática do esporte.
Em reunião virtual realizada no dia 10 de março com presidentes de clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, se posicionou a respeito da interrupção do futebol em algumas regiões do Brasil. Na reunião, Caboclo garante que não vai paralisar os torneios nacionais e diz que a Globo e os patrocinadores dos clubes são contrários à paralisação do futebol.
“Eu não abrirei mão de jogar as competições nacionais, o que repercutirá nas internacionais e incorporará as estaduais. Então, por gentileza, vamos pensar agora: nós podemos parar o futebol? A Rede Globo não quer. Eu estou assegurando que não. Ninguém quer. Seus patrocinadores não querem. E, se parar, sabe quando nós temos a segurança de dizer que a gente pode voltar? Nunca", acrescenta Caboclo.
Por mais fanáticos que sejam, muitos torcedores estão preocupados com a alarmante situação da pandemia de Covid-19 no Brasil e acreditam que medidas relacionadas ao futebol precisam ser tomadas pelas autoridades, na luta contra a doença. É o caso do Daniel Monteiro, 18 anos, torcedor fanático do Palmeiras. Ele acredita que os torneios estaduais deveriam ser cancelados, e não apenas paralisados. Desta maneira, além de dar prioridade para as competições nacionais e internacionais, as entidades esportivas eliminariam uma quantidade significativa de jogos, expondo menos os funcionários dos clubes e, consequentemente, seus familiares.
“Eu amo o meu time e, se pudesse, veria jogos dele todos os dias, mas não tem como seguir com o futebol achando que tudo está normal. A vida é mais importante do que o jogo e, por isso, as autoridades não podem se esconder e fingir que nada está acontecendo. Acredito que uma medida interessante seria cancelar todos os campeonatos estaduais do país nessa temporada", diz Monteiro.
"Esses torneios são responsáveis pela maior parte dos jogos dos clubes brasileiros nos primeiros cinco meses do ano. Cancelando os estaduais, as federações esportivas eliminariam a maior parte dos jogos dos clubes nas próximas semanas e exporiam muito menos os atletas e seus familiares. Além disso, os clubes poderiam dar prioridade para as competições nacionais e internacionais. O ideal seria a paralisação completa do futebol no país, mas como sei isso seria catastrófico para muitos clubes, acredito que uma medida cabível seria a diminuição do número de jogos dos clubes”, ressalta o torcedor palmeirense.
No momento, as competições internacionais, como a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana, seguem sendo disputadas normalmente, já que são torneios que envolvem clubes de vários países da América do Sul, e a situação da pandemia nesses países está mais controlada do que no Brasil. Já em território brasileiro, tudo segue muito indefinido, uma vez que alguns estados estão permitindo a realização de jogos e outros não. Não há como saber quando as coisas vão melhorar, mas sabemos que as autoridades governamentais precisam tomar decisões pensando na vida das pessoas, e não no futebol.