No próximo domingo (10) os franceses vão às urnas para escolher o presidente que vai comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição, mas não terá um caminho fácil para a reeleição.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os 4 principais nomes na disputa presidencial, de acordo com as pesquisas de intenção de voto:
Emmanuel Macron (Em Marcha!)
O mais jovem presidente francês desde a era de Napoleão, Macron tenta seu segundo mandato aos 44 anos de idade. Candidato do partido “Em Marcha!”, ocupa o primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto.
De acordo com especialistas, diferente de 2017, quando se elegeu pela primeira vez aos 39 anos de idade, o centrista Macron adota um tom mais à direita no plano de governo para o segundo mandato. Entre suas propostas, está o adiamento da aposentadoria de 62 para 65 anos de idade. Outra promessa é a redução de 15 bilhões em impostos, metade para pessoa física e a outra metade para empresas.
Macron também pretende fazer alterações no sistema de Renda Solidária Ativa (RSA), condicionando o benefício a horas de atividade profissional, e em contrapartida, promete pleno emprego em cinco anos.
A seu favor, o atual presidente tem os bons números da alta do Produto Interno Bruto (PIB) francês, que alcançou 7% em 2021, sendo o maior número em 52 anos. Apesar da recessão de 8% em 2020, especialistas do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) ressaltam que a economia francesa ultrapassa os patamares que estava antes da crise sanitária mundial.
Outro dado positivo a favor do candidato à reeleição é a taxa de desemprego em 7,4%, um dos melhores patamares em 40 anos. Durante a pandemia, Macron abriu os cofres públicos para manter a população em casa e evitar falência das empresas.
Apesar dos números, Macron é visto como o presidente dos ricos. O presidente retirou o Imposto sobre Fortunas (ISF) e o transformou em imposto sobre propriedade, para não assustar o empresariado e garantir crescimento, segundo ele mesmo. Opositores apontam que o centrista está desconectado da realidade.
Com papel relevante nas negociações no conflito Rússia e Ucrânia, Emmanuel Macron tenta se colocar como um líder diplomático, confiável e que sabe gerir crises.
Marine Le Pen (Reunião Nacional)
Tradicional líder da extrema-direita francesa, aos 53 anos de idade Le Pen vem para a disputa de sua terceira eleição. Em 2012 ficou em 3º lugar, em 2017 foi para o segundo turno e perdeu para Macron. Agora, segundo as pesquisas, ocupa o segundo lugar na preferência de voto dos franceses.
Nos últimos anos, Le Pen trabalhou para mudar a imagem de seu partido, marcado por discursos xenófobos e racistas. A candidata aposta em pautas envolvendo a segurança, como a presunção de legítima defesa para a polícia, em uma tentativa de proteger as forças policiais, que são acusadas com frequência de uso desproporcional da violência.
Conhecida por discursos radicais relacionados a imigração, a candidata de extrema-direita defende o fim do reagrupamento familiar, que facilita a legalização de imigrantes que já tenham familiares no país. Le Pen também prega o endurecimento das regras para pedidos de naturalização e asilo, defendendo que sejam feitos apenas no exterior, impedindo que imigrantes clandestinos sejam regularizados.
Le Pen tem feito um discurso enérgico, falando até em “erradicar”, as ideologias islâmicas e suas redes. Com posições contrárias ao bloco Europeu, a candidata tem alterado seu discurso, e evitado criticar a aliança, tendo falado apenas em uma possível alteração da moeda francesa.
O programa de medidas da candidata visa aumentar o poder aquisitivo dos franceses, com melhorias nos salários e redução nos impostos sobre energia. Le Pen fala também em privatizar as estradas francesas para diminuir os preços dos pedágios, além de estatizar o sistema audiovisual francês, que hoje depende parcialmente de dinheiro público.
Nesta eleição, Marine Le Pen tem a concorrência de Éric Zemmour na disputa dos votos mais radicais. Além disso, em 2014 Le Pen recebeu empréstimo de um banco russo para financiar as campanhas de 2017 e pode se complicar por isso.
Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa)
Único representante da esquerda entre os 4 principais nomes, Mélenchon, de 70 anos de idade, é atualmente o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, e tem um discurso voltado para a “ruptura” do liberalismo econômico. O seu partido, França Insubmissa, tenta ocupar o lugar deixado pelo Partido Socialista no campo ideológico do país.
Chamado por seus apoiadores de “Melen-Show”, por sua capacidade retórica e poder de reunir multidões, o candidato de esquerda concentra suas propostas em temáticas sociais, como o acesso à educação e o custo de vida. Mélenchon prometeu congelar os preços de produtos, aumentar salários e fortalecer os serviços públicos.
No programa de governo, o candidato promete uma grande reforma fiscal, e prevê a volta do Imposto sobre Fortuna (ISF), tabelamento de preços de produtos de primeira necessidade, e o aumento do salário mínimo para 1.400 euros. Além disso, uma de suas principais propostas é a redução da idade mínima de aposentadoria para 60 anos, após 40 anos de contribuição.
O candidato de esquerda é bastante cobrado por não ter se posicionado de forma mais firme e clara, desde o começo, sobre o presidente russo Vladimir Putin. Apesar de estar em terceiro, o candidato do partido França Insubmissa tem chances reais de ir para o segundo turno, apostando em uma divisão de votos entre Marine Le Pen e Éric Zemmour.
Éric Zemmour (Reconquista!)
Candidato da ultradireita, sendo considerado até mais radical que Marine Le Pen, Zemmour, de 63 anos de idade, é escritor, jornalista e comentarista político, já tendo participado de programas de televisão. De acordo com as pesquisas, é o 4º colocado nas intenções de voto dos franceses.
Apesar de experiente, o candidato é novato na política, e defende uma visão mais radical para o país, em conjunto com uma visão liberal para a economia. No início das pesquisas chegou a estar em segundo lugar, mas vem patinando nos últimos números divulgados. Filho de judeus da Argélia, tem uma retórica violenta, carregada de misoginia e um discurso contundente anti-imigração.
Em janeiro deste ano, Zemmour foi condenado a uma multa de 10 mil euros por incitar ódio contra menores imigrantes. O caso aconteceu em 2020, quando durante um programa de televisão, Zemmour chamou os menores imigrantes de “ladrões”, “assassinos” e “estupradores”. O jornalista classificou o fluxo imigratório de “invasão permanente”.
No seu programa de governo, o candidato já chegou a falar em um ministério da “remigração”, e prometeu “fazer um milhão” de estrangeiros saírem do país em cinco anos. Zemmour aposta em críticas à candidata da direita tradicional Valérie Pécresse (Republicanos), e também ao atual presidente Emmanuel Macron.
O candidato do Reconquista! também é o único presidenciável a defender a teoria de uma suposta “grande susbtituição”. A teoria prega que os europeus estão sendo substituídos aos poucos por imigrantes não europeus.
Para Zemmour, a França é um país em decadência, e a civilização do país foi atacada pela influência dos mulçumanos, que conseguem isso pela falta de controle migratório. O extremista também já criticou o que chama de “feminização” da sociedade, e afirmou que crianças com deficiências sejam enviadas a “escolas especiais”.
Em 2020, disse que a Rússia era uma aliança mais confiável do que Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.