França: Quem são os candidatos a ocupar o Palácio do Eliseu ?

A uma semana das eleições, conheça 8 dos 12 nomes na disputa à presidência na França
por
Luan Leão
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03/04/2022 - 12h

No próximo domingo, 10/04, os franceses devem ir às urnas para escolher o novo presidente a comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (A República Em Marcha) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição. 

Vamos conhecer os 8 candidatos do “segundo pelotão” da disputa presidencial, de acordo com as pesquisas eleitorais.  

Valérie Pécresse (Republicanos)

É a candidata da direita moderada no país, e na mais recente pesquisa eleitoral divulgada aparece em 5º lugar.

Valérie Pécresse candidata Republicana
Válerie Pécresse - Foto: Christine Poujoulat / AFP

 

Pécresse pertence ao Republicanos, e venceu as primárias do partido com 61% dos votos. Aos 54 anos de idade, a candidata é a primeira mulher a representar o partido Republicano em uma eleição presidencial. 

O partido é o mesmo do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que governou a França de 2007 a 2012. Durante os governos de Sarkozy, Pécresse foi ministra do Ensino Superior e da Pesquisa, e também, ministra do Orçamento e Contas Públicas. 

Segundo aliados, Pécresse não tem como ponto forte o carisma, mas defende um projeto de firmeza em relação a segurança pública e imigração, e liberal na economia. 

“Tomarei controle da imigração”, disse a candidata em discurso de lançamento da candidatura 

 

Yannick Jadot (Verde)

Membro do parlamento Europeu desde 2009, Jadot tem 44 anos de idade, e é atualmente o 6º colocado nas pesquisas. Também já foi diretor de campanha do Greenpeace de 2002 a 2008. Recebeu a indicação do partido em uma disputa apertada nas primárias, tendo obtido 51,03% dos votos. 

Yannick Jadot candidato dos Verdes
Yannick Jadot - Foto: Geoffroy Van Der Hasselt / AFP

Em 2016, Jadot também foi o pré-candidato à presidência pelos Verdes, porém, temendo uma derrota da esquerda, e pregando uma união no bloco, o candidato dos Verdes abriu mão de sua candidatura em favor de Benoît Hamon, que a época era o nome apoiado pelo então presidente François Hollande. 

Pró-europeu e de linha pragmática, Jadot oferece um plano de governo que prioriza ações voltadas ao clima, e diz que “a batalha do clima é vital”. O candidato dos Verdes também é um crítico de Emmanuel Macron, pelo que ele chama de “inação climática”, além de dizer que Macron é “presidente dos lobbies”. 

“Jovens da França, não deixem ninguém decidir no seu lugar. Não deixem passar esta chance histórica de mudar as suas vidas. [...] Participem desta eleição com o seu entusiasmo. Juntem-se a nós, deem mais força para construir a república ecológica”, disse Jadot se dirigindo a juventude em um ato de campanha 

 

Fabian Russel (Partido Comunista)

Depois de apoiar as candidaturas de Jean-Luc Mélenchon em 2012 e 2017, o Partido Comunista decidiu lançar candidatura própria, está em 7º lugar, de acordo com a pesquisa eleitoral mais recente. O nome do partido é Fabian Russel, de 52 anos de idade. 

Fabian Roussel
Fabian Russel - Foto: Reprodução 

Mais radical, Russel promete triplicar o imposto sobre fortunas (ISF) e criar um posto para aqueles que lucraram com a crise sanitária ocasionada pela COVID-19. O candidato também tem em seu plano de governo o desejo de estatizar grandes empresas como a EDF energia, além de bancos e seguradoras. 

A diferença em seu plano de governo em relação aos candidatos de esquerda/extrema-esquerda está no apoio ao uso de energia nuclear. 

 

Jean Lassalle (Resistir!)

Fundador do partido em 2016, aos 66 anos de idade disputa sua segunda eleição. A primeira foi em 2017, tendo ficado em 7º lugar dentre os 11 candidatos. Lassalle fala em reconstruir um Estado Francês baseado no lema republicano: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Atualmente está em 8º lugar nas pesquisas eleitorais.

Jean Lassalle
Jean Lassalle - Foto: Lionel Bonaventure / AFP 

Em 2018, Lassalle esteve nos protestos à frente da Assembleia Nacional vestindo coletes amarelos, símbolo do movimento. As manifestações pararam o país, e o ato causou a suspensão da sessão. 

O candidato afirma ter “íntima experiência e conhecimento das instituições francesas”. Suas propostas são ousadas, entre essas medidas, Lassalle propõe realizar referendos de iniciativa cidadã, abolir a corte da Justiça da República integrando seus Ministros a justiça comum, baixar os impostos sobre os combustíveis e preparar a saída da França da Otan.

 

Anne Hidalgo (Partido Socialista)

A atual prefeita de Paris tem, aos 62 anos de idade, uma missão complicada nesta eleição. Apesar de contar com o apoio do ex-presidente francês François Hollande, a migração do eleitorado, por toda a Europa, para um voto mais a direita enfraqueceu os socialistas, que ocupam apenas o 9º lugar nas pesquisas de intenção de voto. 

Anne Hidalgo, prefeita de Paris
Anne Hidalgo - Foto: Julien Bouttellier / Lille News

Apesar de ter governado o país com Hollande de 2012 a 2017, o Partido Socialista vem enfrentando dificuldade de dialogar com os eleitores. Nas eleições de 2017, o candidato socialista Benoît Hamon sequer passou ao segundo turno. No atual pleito, Hidalgo luta para chegar a 2% nas intenções de voto. 

Eleita pela primeira vez para o cargo de prefeita da cidade de Paris em 2014, e tendo conseguido a reeleição em 2020, Hidalgo tem enfrentado problemas em sua gestão, o mais notório deles foi o movimento dos coletes amarelos em 2018. A prefeita de Paris também é criticada pela sujeira na cidade, e tem o desafio de preparar os Jogos Olímpicos de Paris em 2024. 

O seu plano de governo é baseado na transição ecológica, e o partido aposta no caráter combativo de Anne Hidalgo para conquistar os eleitores. 


Na disputa, mas com poucas chances… 

 

Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista)

Contra a existência do cargo de presidente, o ex-operário de 55 anos de idade enfrenta abertamente os candidatos liberais. 

Phillippe Poutou
Phellippe Poutou - Foto: Facebook 

Poutou ataca constantemente a postura dos principais candidatos “da burguesia”, como Emmanuel Macron e a “racista e xenófoba” Marine Le Pen. Para o metalúrgico, os candidatos se aproveitam do sistema. 

O candidato é a favor de uma esquerda revolucionária, anti-imperialista e internacionalista, e confia de forma incisiva na força da classe trabalhadora, para que os capitalistas paguem pela crise. 

 

Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé)

Aos 61 anos de idade, esta é a terceira vez que Dupont-Aignan se lança à presidência. Funcionário público de carreira e deputado distrital por Essonne, é presidente de seu partido, que defende uma linha soberana e eurocética. 

Nicolas Dupont-Aignan
Nicolas Dupont-Aignan - Foto: AFP

O deputado defende a “independência da França” e pautas como a revisão de acordos em nível europeu. 

Ex-integrante da direita clássica francesa, Dupont-Aignan disse à imprensa na última segunda-feira (28) que “provavelmente” está liderando sua última campanha. 


 

Nathalie Arthaud (Luta Operária)

Considerada o principal nome desta ala da esquerda no país, Arthaud, de 52 anos de idade, é professora universitária na região metropolitana de Paris, e está disputando sua segunda eleição presidencial. Na primeira vez, em 2012, obteve 0,56% dos votos, cerca de 200 mil cédulas. 

Nathalie Arthaud
Nathalie Arthaud - Foto: Sebastien Bozon / AFP

Arthaud se apresenta como revolucionária e crítica a desigualdade social. 

“Se eu sou revolucionária e se eu quero mudar a sociedade é porque essa sociedade capitalista é ultraviolenta, é a violência social das desigualdades, é o fato de ver hoje essas riquezas acumuladas de um lado, as extravagâncias, este incrível luxo e do outro lado, as mulheres e os homens que dormem na rua”