A ferramenta que mudou a forma como o futebol é jogado.

O equipamento criado pelo brasileiro, Heine Allegmagne, é mais novo que o próprio futebol. Quando o simples spray surgiu, o esporte já era jogado a mais de 1 século, mas agora é um elemento fundamental em qualquer partida.
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27/06/2022 - 12h

Por Gabriel Louzado Facchini

 

Uma final de campeonato, um clássico, jogo quente e pegado, que pode ser decidido na bola parada. Um gol de falta que pode mudar o rumo da história, e o narrador comenta: “Quero ver o cidadão segurar a barreira no lugar”. O tal cidadão, no caso o juiz, se não controlasse a barreira, poderia mudar o rumo do futebol mais uma vez. A bola que iria aonde a coruja dorme, pode não chegar lá por conta que a barreira se movimentou durante o lance.

É com base em uma situação dessas em que o publicitário de Ituiutaba, no interior mineiro, Heine Allemagne, teve a ideia de criar um produto capaz de evitar que a barreira ande, respeitando assim, as regras do Futebol. Sendo específico, a inspiração surgiu em um Brasil e Argentina no começo dos anos 2000, com a fala de Galvão Bueno sobre a dificuldade que a "autoridade" dentro de campo tinha de manter os jogadores parados na durante a cobrança.

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Brasil e Argentina 2000. Foto: Getty Images 

A ideia passou pela espuma da cerveja e pelo creme de barbear antes de chegar no spray que conhecemos hoje. O primeiro teste do produto foi feito dentro do banheiro do criador com seu creme de barbear, o objetivo era que o creme conseguisse se fixar em uma linha reta após ser pressionado, e funcionou. Allemagne conta que quando ele fechou os olhos, apenas torcia para ter uma linha de espuma formada no chão do seu banheiro.

O mineiro pensou em todos os quesitos para o seu produto, desde a estética da linha formada no gramado, que o spray atendesse os quesitos necessário para estar dentro da regra do esporte e até mesmo nas questões ambientais, para que o produto não fosse abrasivo ao gramado em que fosse aplicado. Composto por gás propano para formar a espuma, de butano e isobutano. A linha fica marcada temporariamente na área de cobrança da falta durante 1 min, e depois desaparece, deixando apenas pequenas gotículas de água no gramado.

O produto foi pensado em nível mundial, para ser usado em qualquer gramado em qualquer campo do planeta, em qualquer campeonato. Em ligas que possuem jogos durante o inverno rigoroso, o spray para não ser confundido com a neve, usaria um tonalizante em uma cor diferente. Já na chuva, o produto é resistente a água, e com isso, poderia ser usado em campos molhados e em dia chuvosos.

Como o criador também tem história dentro dos gramados, ele sabia exatamente o que os juízes, as bandeirinhas e até mesmo o que os jogares precisavam. Heine comenta que o spray é como se fosse um remédio para uma doença, uma cura, que nesse caso era a movimentação da barreira. Sem contar na economia de tempo que esse produto gerou nas cobranças de faltas. Antes do uso da ferramenta, a média de tempo gasta em uma cobrança era de 1 minuto a 1 minuto e 50 segundos. Agora, o tempo gasto é de 40 segundos a 1 minuto por falta cobrada.

Voltando a 2000, com o spray na mão, era hora de testar o produto dentro de uma partida. O spray foi apresentado para um árbitro da Federação Mineira de Futebol que estava em Ituiutuba, nada menos que Paulo César de Oliveira, foi o primeiro árbitro do Brasil e no mundo a ver o spray em funcionamento. 

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Heine Allemagne e Paulo Cesar em teste do spray. Foto: GE 

O spray foi utilizado pela primeira vez em uma competição oficial apenas na Taça Belo Horizonte de 2000. Os árbitros que utilizaram a ferramenta no campeonato, anotavam suas perspectivas sobre o spray nas sumulas após as partidas, e foram apenas elogios. Por coincidência do destino, o campeonato foi decidido aos quarenta e sete do segundo tempo, em um gol de falta que consagrou o América Mineiro como campeão na ocasião.

A experiência foi um sucesso, a federação mineira levou o projeto para a CBF, que em 2002, tornou obrigatório o uso do spray em todas as partidas nacionais promovidas pela entidade. Em 2011, foi utilizado pela primeira vez tanto na Libertadores quanto na Copa América, e em 2014, utilizado pela primeira vez em uma Copa do Mundo, fazendo sua estreia no País de origem, o Brasil.

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Brasil e Croácia na Copa do Mundo de 2014. Foto: Getty Images 

O criador comenta que o sucesso do produto se deve a persistência e pela estratégia adotada para divulgação. O esquema de teste feito para conseguir espaço nos mais diferentes campeonatos espalhados no mundo foi o diferencial, não chegar falando que foi descoberto a cura para uma doença do futebol logo de cara. Ele ainda acrescenta que foi muito difícil ganhar a aprovação dos europeus, que no começo, achavam que o spray não daria certo e que seria até engraçado o juiz se abaixando no meio do jogo para colocar uma linha no gramado para a cobrança de falta.

O outro fator foi a padronização mundial, o mineiro diz que o spray pode ser usado em um campo de futebol na Turquia, do mesmo jeito em uma partida nos Estados Unidos. Além da possibilidade de a espuma poder ser usada em outros esportes, como explica Allemagne:

 

 

 

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