Feirantes fazem delivery para conter impactos da crise

por
Manuela Avanso
|
25/05/2020 - 12h

A pandemia de Covid-19 tem prejudicado muitos setores da economia. Um dos  mais atingidos pelo isolamento social e a falta de consumidores é o comércio. As feiras livres, por exemplo, que antes recebiam um grande número de clientes todas as semanas, registraram uma brusca queda do movimento após o início da quarentena. Diante disso, os feirantes tentam achar estratégias para sobreviver à crise sem tantos estragos.

É o caso de Sandro Quintal, de 55 anos, proprietário de uma banca de legumes e verduras Ele conta que, desde o início das medidas de isolamento social, as vendas caíram 40%. Para evitar uma redução maior, apostou suas fichas no serviço de delivery, entregando nos bairros do Itaim Bibi, Liberdade, Higienópolis, Jardim Paulista e Bela Vista. 

“É importante para que os clientes mais debilitados e no grupo de risco não precisem correr o risco de contrair a doença ao sair de suas casas para ir à feira e também é importante para nós, feirantes, para mantermos a clientela e a satisfação deles”, diz Sandro.

O feirante afirma que a banca continua funcionando normalmente, com cuidados adicionais de higienização para a proteção dele, de seus funcionários e dos clientes. Sandro trabalha com suas duas filhas, que também o auxiliam nas entregas.

Sônia Ribeiro, de 54 anos, que faz entregas de hortifrúti nos bairros do Morumbi e Interlagos, afirma que seus produtos sempre foram vendidos em embalagens a vácuo, o que facilita a higienização pelos clientes. Sônia diz que “fica mais fácil para o cliente higienizar quando chegar em casa e evita algum tipo de contaminação”.

Uma pesquisa do Sebrae feita entre os dias 16 e 17 de março de 2020 e obtida com exclusividade pelo jornal SP1, da Rede Globo, mostrou que, dos 1.500 proprietários de empresas de todo o estado de São Paulo, seis em cada dez empreendedores se mostram preocupados com o coronavírus e oito em cada dez acreditam que serão afetados de alguma forma. Ainda segundo a pesquisa, quatro em cada dez empresários afirmam que irão adotar medidas para evitar prejuízos, como aumentar a higienização dos ambientes e informar os funcionários e frequentadores sobre a doença.

Adriano Roberto Mandarini, de 44 anos, dono de uma banca de frutas que realiza entregas em todos os bairros de São Paulo, diz que as vendas caíram consideravelmente, impactando os lucros. Com isso, o trabalho de divulgação e  entrega em domicílio teve de ser redobrado. “Muitos clientes passaram a ficar só em casa e não frequentam mais as feiras, principalmente aqueles com mais de 60 anos, que costumavam ser o maior público. O movimento caiu muito”, conta.

Para se adaptar ao novo modo de vendas, Sandro Quintal faz a divulgação por meio do Facebook e do Instagram, além de grupos de WhatSapp formados por clientes do bairro. Para ele, é uma forma de alavancar as vendas e manter a boa imagem do negócio junto aos consumidores, a fim de não ter perda de clientes após a pandemia. 

As entregas são feitas de carro pela sua filha mais velha, já que alguns pedidos grandes não teriam como ser entregues somente por ele.

Tanto Sandro quanto Sônia e Roberto estão tentando se adaptar às limitações para não deixar de pagar seus funcionários, que estão sendo de fundamental importância para as entregas. Após a pandemia, os três pretendem continuar com o serviço de  delivery, que entendem como  uma boa estratégia para melhorar os lucros e fortalecer a imagem do negócio.