Extrema-direita: A imersão pelo outro lado da moeda

Andrea Dip, jornalista ativista pelos direitos humanos conta sua experiência de investigação de grandes figuras extremistas
por
Maria Clara Palmeira
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29/05/2025 - 12h

Na última quinta-feira (27), a jornalista investigativa Andrea Dip compareceu à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para um bate-papo com os alunos do curso de jornalismo sobre cobertura de extrema-direita. Um dos temas enfatizados foi a questão da importância do jornalismo de campo e a segurança do profissional.
Andrea compartilhou sua experiência em uma conferência ultranacionalista em Bruxelas. O local do evento foi alterado pouco antes de começar, numa tentativa de afastar jornalistas e opositores. Ao relatar o ambiente, ela destacou momentos que só a presença no local poderia captar. “No banheiro, ouvi mulheres comentando sobre um jantar em que Nikolas Ferreira fez uma chamada de vídeo com Bolsonaro, falando sobre censura no Brasil. Isso não se descobre numa entrevista”, contou.

Aula magna com a Andrea Dip na PUC - SP. Reprodução: Maria Clara Palmeira
Aula magna com a Andrea Dip na PUC - SP. Reprodução: Maria Clara Palmeira


A jornalista relata sobre as medidas de segurança para proteger sua identidade. “Tenho um sobrenome que não uso como jornalista. Me credencio com ele, e, se alguém buscar no Google, não me encontra.” Também destacou a retórica constante de medo presente nesses ambientes. “O discurso é sempre o mesmo: ‘a esquerda está avançando, precisamos reagir’. Eles nunca admitem que estão vencendo. É um discurso para gerar pânico e mobilização interna.” Essa estratégia, segundo a jornalista, fortalece o senso de urgência entre os apoiadores.
Atualmente na Agência Pública e colunista da UOL, Andrea Dip continua sua pesquisa sobre extremismo com foco na ética e na escuta ativa. Para ela, o jornalismo precisa continuar investigando, mesmo em ambientes hostis. “Nosso papel é contar o que não querem que seja contado, com responsabilidade e coragem.” Em tempos de desinformação e radicalização, sua atuação representa um exemplo do valor do jornalismo de campo.