EXPRESSO CATAR: MARROCOS

Os Leões do Atlas voltam ao torneio da FIFA para tentar superar um feito de 36 anos
por
Arthur Campos
João Victor Fogagnolo
|
10/11/2022 - 12h

Pertencente a região do Magreb, o Marrocos está localizado no norte da África, fazendo fronteiras com a Argélia a leste, o Oceano Atlântico a oeste, o Mar Mediterrâneo a norte e o Saara Ocidental ao sul. Com uma população de 31,9 milhões de habitantes, sua maior cidade é Casablanca, mas tem Rabat como capital. Sendo árabe a língua oficial, a maioria dos marroquinos seguem a religião islâmica, ou seja, são predominantemente muçulmanos. Fora isso, possuem parte do maior e mais quente deserto do mundo, o deserto do Saara. 

O país já foi cenário de vários filmes e séries como Star Wars, Game of Trones, franquia 007, Gladiador, A Múmia, além da inesquecível novela de Glória Perez, O Clone. Outro fato interessante, é que a universidade de al-Qarawiyyin é uma das mais antigas do planeta, fundada em 859 d.C. 

 

Marrocos
Foto: iStock

 

Histórico em Copa do Mundo 

Em sua sexta participação, Marrocos almeja classificação para as oitavas de final, algo que aconteceu apenas uma vez, na inédita campanha de 1986. Nessa Copa, os Leões do Atlas estavam no grupo de Inglaterra, Portugal e Polônia. Fizeram história ao ser os primeiros africanos a terminarem na primeira colocação e a passar para as oitavas de final, sendo eliminada pela Alemanha. Aquela seleção tinha como craque o jogador Mohamed Timoumi (eleito no ano anterior o melhor atleta africano) e o treinador brasileiro José Faria no comando da equipe.

Estrearam na competição em 1970 e ficaram pelo caminho na primeira fase da competição, assim como nos anos de 1994, 1998 e 2018. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Classificatórias 

Para chegar no Catar, a seleção marroquina encarou as eliminatórias africanas e carimbou de vez seu passaporte. Com 10 grupos de quatro times, avançaram sem sustos, conseguindo 100% de aproveitamento (6 vitórias em 6 jogos) na primeira etapa da competição. Em confrontos ida-e-volta contra a República Dominicana do Congo, o Marrocos conquistou um empate fora de casa na primeira partida, por 1 a 1, e consagrou-se no segundo jogo com uma vitória acachapante por 4 a 1, no estádio Mohammed V, garantindo de vez sua vaga para a Copa do Mundo. 

Ainda nesta trajetória, disputaram a Copa das Nações Africanas (eliminada nas quartas de final pelo Egito), Copa das Nações Árabes (eliminada também nas quartas, dessa vez pela Argélia nos pênaltis) e o Campeonato das Nações Africanas (torneio que somente atletas que atuam no país podem jogar), sendo campeões em 2021. 

 

Marrocos
Foto: Josep LAGO / AFP

 

As estrelas vêm da direita 

Dois destaques dessa geração marroquina são defensores que atuam pelo mesmo setor do campo. 

Certamente, quando se pensa na seleção de Marrocos, o primeiro nome que vem na cabeça é o do jogador Achraf Hakimi. O atleta de 24 anos é um dos melhores laterais direitos do mundo e, apesar de prioritariamente ter a defesa como principal função, ele se sobressai de forma ofensiva. Evidencia-se notoriamente pelos fortes apoios à direita do campo, ajudando a equipe na construção de jogadas e sendo participativo no terço final do campo, chegando muito à linha de fundo. 

Com 1,81 m de altura, Hakimi brilhou com as camisas de Borussia Dortmund e da Internazionale de Milão, antes de partir para França. Pelo clube alemão, mostrou versatilidade, jogando tanto como lateral e ala/meia pela direita, quanto como lateral do lado oposto. Foram 73 partidas, 12 gols e 17 assistências. 

Na Itália, firmou-se como extremo, marcando 7 gols e dando 11 assistências em 45 jogos. Atualmente no Paris Saint Germain, pela alta concorrência no ataque, voltou as suas origens como defensor, sendo o titular absoluto da posição. Ainda assim, não perdeu suas características e continua contribuindo mais a frente pelo campo, com 6 gols e 9 assistências em 61 partidas. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Noussair Mazraoui, diferentemente de Achraf, de princípio joga como lateral. Com os mesmos 24 anos e 1,83 m, ele surge nas categorias de base do Ajax, subindo em seguida a equipe profissional, na qual ao todo soma 137 jogos. Contratado no início da temporada 22/23 pelo Bayern de Munique, o atleta é o titular selecionado pelo alemão Julian Nagelsmann e deve se manter assim até o começo da competição mais visada do planeta. 

 

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Foto: Getty Images

 

Com foco em aproveitar os dois jogadores, o técnico Walid Regragui utilizou na última partida pré-Copa do Mundo uma escalação com Hakimi ocupando o lado esquerdo, enquanto Mazraoui é o lateral direito de base.  

 

De Sevilla para o mundo 

É da cidade espanhola que aparecem as funções vitais para manter o sonho vivo dos Leões do Atlas: a muralha e o artilheiro. 

De área a área, começamos pelo paredão Yassine Bounou. Apelidado de Bono, o goleiro 1,92 m de altura é o responsável por fechar a baliza marroquina. Aos 31 anos, ganhou o prêmio Zamora de melhor goleiro da La Liga (campeonato espanhol) na temporada 21/22, sendo o arqueiro menos vazado da competição (média de aproximadamente 0,8 gols sofridos por jogo), passando 13 das 31 partidas sem deixar o adversário balançar as redes, com uma estatística de 2,5 defesas. No mesmo ano, ficou em nono lugar no ranking Lev Yashin dos melhores guarda-redes dá época. 

 

Marrocos
Foto: Getty Images

 

Na área mais adiante, a chamada zona de finalização, o goleador Youssef En-Nesyri terá a missão de furar a meta adversária. Em sua melhor temporada pelo clube espanhol (2020/2021) foram 52 jogos e 24 gols. Pela seleção, virou titular após o Mundial de 2018, mas no total soma 14 gols em 49 partidas. Desde a sua grande época, o centroavante de 1,92 m não vive um bom momento. De lá para cá, entrou em campo 42 vezes e foi às redes somente em sete oportunidades, frustrando a todos e colocando sua vaga nos onze iniciais em cheque. 

A dúvida em questão é se a partir do dia 23 de novembro o jogador será capaz de reverter esse quadro.

 

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Foto: Getty Images

O retorno 

Após um hiato na seleção, devido a atritos com o ex-treinador, o atual jogador do Chelsea, Hakim Ziyech volta a ser convocado para defender as cores vermelha e verde. Afastado juntamente com o já citado Mazraoui, o qual também teve problemas com o ex-comandante, figuraram a lista de selecionados para os amistosos contra o Chile (vitória por 2 a 0) e Paraguai (empate sem gols). 

Falando de bola, o atleta de 29 anos ficou marcado pela memorável equipe do Ajax da temporada 2018/2019, que fez frente a vários gigantes do continente Europeu, eliminando Real Madrid e Juventus na Liga dos Campeões, caindo apenas para o Tottenham nas semifinais. Naquela ocasião, foram 49 partidas, 21 gols e 24 assistências. Em sua passagem pelo clube Holandês, disputou 165 jogos, com 49 gols e 81 assistências. Na equipe londrina, o meia de 1,81 m, que atua também como ponta direita, anotou 14 gols e 10 assistências em 90 partidas. Vive uma fase irregular nos Blues, cogitando-se até uma mudança de ares no futuro. Para os marroquinos, Ziyech ainda é a principal referência técnica do time, resta saber se o próprio mostrará todo o seu potencial no Catar, ou se é apenas um jogador de fase. 

 

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Foto: Getty Images

 

Prancheta do Regragui 

Com uma mudança repentina há três meses da Copa do Mundo, o técnico Walid Regragui assume o cargo deixado pelo demitido Vahid Halihodzic. Com apenas dois jogos na beira do campo, não foi possível ver muito do seu trabalho, porém nesse breve período implementou um sistema de 4-2-3-1. Algumas peças remanescentes do elenco de 2018 continuam no time titular, casos de Hakimi, Ziyech e Saiss. Outras, também presentes naquele plantel, começaram a ganhar espaço nesse ciclo, exemplos de Sofyan Amrabat , En-Nesyri e Bono.

 

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Foto: Getty Images

 

Convocação

 

Goleiros:

Yassine Bono (Séville), Munir (Al-Wehda) e Tagnaouti (Wydad).

Defensores:

Achraf Hakimi (Paris Saint-Germain), Noussair Mazraoui (Bayern de Munique), Romain Saiss (Besiktas), Nayef Aguerd (West Ham), Achraf Dari (Brest), Jawad El-Yamiq (Valladolid), Yamia Attiat-Allal (Wydad) e Badr Benoun (Qatar SC).

Meio-Campistas:

Sofyan Amrabat (Fiorentina), Selim Amallah (Standart de Liége), Abdelhamid Sabiri (Sampdoria), Azzedine Ounahi (Angers), Bilel El Khanouss (Genk) e Yahya Jabrane (Wydad).

Atacantes:

Hakim Ziyech (Chelsea), En-Nesyri (Séville), Sofiane Boufal (Angers), Aboukhlal (Toulouse), Ez Abdé (Osasuna), Anass Zaroury (Burnley), Ilias Chair (Quees Park Rangers), Abderazak Hamdallah (Al-Ittihad) e Walid Cheddira (SSC Bari).

 

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Incógnita 

Às vésperas da Copa do Mundo, é difícil traçar um prognóstico do que pode ser a seleção do Marrocos. Para o técnico Walid Regragui, o objetivo é claro dar o melhor, visando a felicidade do torcedor. 

A equipe conta com boas qualidades individuais, mas esbarra no aspecto coletivo, que cabe ao treinador Regragui aparar essas arestas. Em tão pouco tempo, é possível o comandante equilibrar esses fatores? Essa resposta só teremos quando os Leões do Atlas estrearem nos gramados do Catar contra a vice-campeã da edição passada, a Croácia. O que o treinador garantiu, é um time que irá lutar até o final.