No último dia 28 estreou na Netflix a série documental “F1: The Academy”. A produção retrata os bastidores da F1 Academy, campeonato feminino de fórmula, no mesmo estilo de “Drive to Survive”, série do mesmo streaming que acompanha a Fórmula 1. São sete episódios que acompanham a temporada de 2024 do esporte, trazendo tanto os desafios enfrentados nas pistas quanto questões pessoais das pilotas.
Embora tradicionalmente masculino, o automobilismo já teve mulheres desafiando essa lógica, como pilotas, jornalistas e fãs engajadas. Susie Wolff, diretora da F1 Academy, foi a última mulher a correr em um fim de semana de GP da Fórmula 1, em 2015, no Grande Prêmio (GP) da Inglaterra. “A F1 Academy apresenta uma oportunidade de promover mudanças genuínas em nossa indústria, criando a melhor estrutura possível para encontrar e cultivar talentos femininos em sua jornada para os níveis de elite do automobilismo, dentro e fora das pistas” disse Wolff quando foi anunciada para a direção.
A competição é uma categoria criada exclusivamente para mulheres. O objetivo é treinar jovens pilotas, preparando-as para alcançar categorias mais altas, como a Fórmula 3, a Fórmula 2 e, eventualmente, a Fórmula 1. Ela é gerida pela Fórmula One Group e visa dar acesso a mais tempo de pista, corridas e testes para as garotas, além de suporte técnico, físico e mental.
A categoria surgiu em 2022 quando a própria Fórmula 1, com gestão da Liberty Media, percebeu a real causa da ausência feminina nas corridas: a estrutura social do esporte. “Após verificarmos as barreiras que jovens pilotas encaram ao entrarem na pirâmide da Fórmula 1, ficou claro que elas não têm a mesma quantidade de experiência que os pilotos têm na mesma idade. O objetivo da F1 Academy é preencher esta lacuna e oferecer às pilotas o acesso a mais tempo de pista” disse o anúncio de lançamento. Ela foi anunciada em novembro de 2022, com estreia em 2023.
Mas não é só nas pistas que as mulheres estão ganhando mais espaço e fazendo história. Cada vez mais mulheres consomem motorsports ou conteúdos relacionados a eles. Segundo a organização do GP de Interlagos, de 2019 a 2022 a presença feminina no autódromo cresceu em 75,8%. Com o aumento de espectadoras, também cresce a procura por representatividade no cenário. Nos bastidores digitais, uma nova geração de criadoras de conteúdo sobre automobilismo está conquistando espaço e audiência.
Umas das maiores influenciadoras digitais é Lissie Mackintosh, britânica que conquistou espaço com conteúdo dinâmico de bastidores, análises e entrevistas, principalmente no Tik Tok, contando com 400 mil seguidores na plataforma. Além disso, ela comanda o podcast Going Purple, que já virou um fenômeno entre os fãs de F1.
A F1 Academy tem um formato de corrida monotipo, onde todas as pilotas usam o mesmo modelo de carro: Tatuus T421, com motor turbo de 1,4 litros e quatro cilindros. “Diferente da Fórmula 1, todos os carros são iguais. Todas estão em pé de igualdade, então tudo depende da pilotagem. A pilota mais rápida vence” explica Susie Wolff em episódio do seriado. Este ano, o campeonato conta com 7 etapas e diversas delas coincidem com finais de semana de Grande Prêmio da Fórmula 1.
A categoria tem 18 pilotas, divididas em 6 equipes. 17 delas são fixas e uma é a Wild Card, uma pilota que participa da corrida por meio de um convite especial da organização do evento, e não através de uma classificação automática no campeonato ou por vagas regulamentares. As meninas, que variam entre 16 e 24 anos, podem disputar na categoria por, no máximo, dois anos.
Entre dramas pessoais e o dia a dia no paddock, “F1: The Academy” mostrou ao público as tensões por trás da temporada de 2024 da competição, provocadas principalmente por ser o último ano que diversas pilotas teriam as oportunidades que a categoria oferece, como a britânica e atual campeã Abbi Pulling.
Atualmente, há duas pilotas brasileiras no grid. Aurélia Nobels está em seu segundo ano na Academy, correndo pela ART Grand Prix, além de ser membro da Ferrari Driver Academy. Junto a ela, há Rafaela Ferreira, que estreia na F1 Academy correndo pela Racing Bulls.
Confira abaixo o calendário da categoria para esse ano: