Por Gabriella Maya
Com a pandemia seguida da quarentena, o home office que antes tinha um espaço pequeno no Brasil, hoje já é visto como situação permanente em muitas empresas. E tanto entidades, quanto colaboradores, se adaptaram 'obrigatoriamente' a sair do ambiente do escritório e se descobriram produzindo satisfatoriamente dentro de duas próprias casas.
A pandemia fez com que as corporações revisassem suas políticas de trabalho, e essa mudança tem provocado transformações no espaço físico das empresas, já que muitas companhias migraram seus escritórios para espaços menores e que mantenham a maior parte dos colaboradores atuando à distância. Os espaços de trabalho estão muito mais tecnológicos, fomos pegos de surpresa e nos acostumamos a trabalhar de casa, já que o que pensávamos que duraria semanas, estendeu-se em mais de um ano.
Contudo, o trabalho remoto tem suas vantagens e desafios. O conforto e a maior flexibilidade para organizar horários se juntam com as maiores chances de ruídos de comunicação, falta de motivação e menos oportunidades para criatividade, inovação e espontaneidade.
Para a reportagem, foram entrevistadas quatro pessoas: dois funcionários, um gerente comercial e um empresário, para que nos contassem suas visões sobre o dia a dia no escritório, e agora, fora dele. De início, foram feitas perguntas aos dois funcionários, que trabalham e estudam em casa desde o início da pandemia, em março de 2020.
A primeira, Giovanna Guedes, 19, é atendente de telemarketing na empresa Next Orbitall, e diz que rende mais estando no escritório, porém prefere o trabalho em casa. Ao ser questionada sobre sua resposta, a atendente diz: 'Do escritório sinto apenas falta dos amigos e da interação, mas com certeza rendo muito menos que no escritório. Acabo me distraindo com outras coisas e acaba não fluindo como fluía quando meu supervisor estava por perto.”
Vinicius Simões, 19, é analista de SAC na empresa Atento, e diz que trabalhar em casa está sendo mais produtivo, “Além de poder produzir com muito mais calma, consigo ter mais flexibilidade com as tarefas do dia, e também otimizar o tempo. Por exemplo: não preciso acordar horas antes do expediente, sair de casa e pegar ônibus e metrô lotados, e com isso tenho mais tempo para cumprir outras responsabilidades. Outra questão é a comunicação com a equipe, por mais que todos estejam longes um dos outros, estamos sempre conversando e passamos o dia em uma sala online de voz onde todos conseguem se ajudar e produzir juntos”, explica.
Apesar dos desafios, os grandes empresários perceberam que dá sim para lucrar com seus funcionários dentro de casa. Conversamos com o dono da empresa Dr. Cred, Ricardo Guimarães, 20, para que nos contasse sua opinião sobre o home office, “Minha opinião varia dependendo da forma de implantação do sistema, com quais ferramentas você vai fazer o controle dessas pessoas e etc. O jeito que as coisas aconteceram foi muito repentino e não tivemos tempo hábil para uma implantação mais gradativa e com isso eu senti que muitas pessoas não se adaptaram bem a esse modelo, o que fez com que produzissem menos. Acredito que dentro de casa os desvios de foco são mais frequentes do que no escritório em si.”, explica o empresário.
Guimarães afirma que depois que a pandemia acabar, muito provavelmente sua empresa irá adotar um modelo híbrido, com opção de escolha entre trabalhar certo período em casa e outro no escritório, “Não acredito que a forma 100% remota seja o caminho, porém não é necessário aos funcionários estarem no escritório todos os dias. Um bom suporte quando a pessoa estiver trabalhando em casa aliado a motivação para querer vir trabalhar no escritório, seria o ideal.”, acrescenta.
Sobre as mudanças feitas para se adaptar a pandemia, Ricardo conta que ampliou os canais de vendas que antigamente era somente via telemarketing, e hoje trabalha com vendas via WhatsApp e com marketing digital, "Grupos de WhatsApp são ótimos para acompanhamentos de vendas, reuniões diárias de feedback, e para implantar um sistema de gestão remota”, finaliza.
Júlio César Galindo, 45, é Gerente Comercial na empresa Armati Óculos de Segurança Graduado, e contou ter realizado diversas mudanças para sobreviver e se adaptar a quarentena: “Tive o faturamento reduzido em 30% nos 3 primeiros meses, mas com ajustes, hoje já recuperamos e crescemos em mais de 60% do período pré pandemia.” Sobre as readaptações feitas, César diz que no início do período de quarentena a empresa reduziu as visitas aos clientes a quase zero, e só em julho de 2021 puderam retornar. “Criamos o canal de venda pelo WhatsApp para pessoa física, público que antes não era nosso foco. E com a dificuldade de agendar consulta médica devido a muitos médicos estarem no combate a COVID, criamos o atendimento In Company aonde vamos nas empresas realizar o exame de vista com todos os protocolos de segurança, sem aglomeração, e sem a necessidade do colaborador se deslocar pela cidade se colocando em risco.”, complementa. Sobre o trabalho remoto, Júlio conta que sua empresa não adotou, e todos se mantiveram no escritório durante este período.
O trabalho remoto veio para ficar, isso é fato! A tendência do pós-pandemia é de que muitas empresas não voltem ao modelo 100% presencial de antes, já que muitos funcionários não querem mais aquela rotina todos os dias da semana. Segundo uma pesquisa feita pelo LiveCareer nos Estados Unidos, 29% dos profissionais ouvidos afirmaram que não querem de forma alguma serem forçados a retornar ao trabalho presencial de forma integral ao final da pandemia. A previsão é de que a maioria dos funcionários voltem ao escritório em 2022, mas muitas empresas já estão buscando adotar um modelo híbrido na jornada mensal de trabalho, o que muitos parecem aprovar.