Pesquisador do Datafolha foi agredido na última terça-feira (20), em Ariranha, interior de São Paulo, quando terminava sua última entrevista do dia. Dois homens o abordaram de forma truculenta querendo dar entrevistas, após ter se recusado foi alvo de chutes e socos, sendo levado ao hospital por um dos moradores do bairro onde estava.
Em relato o pesquisador contou ao Portal de Notícias G1 que os dois homens eram pai e filho. “Um senhor se aproximou e começou a me hostilizar, dizendo que queria responder a qualquer custo, dizendo que o pessoal estava pegando de um candidato específico, no caso citou o Lula”, conta o entrevistador.
O pesquisador ainda tentou explicar que as abordagens são feitas de forma aleatórias, uma vez que há um “método para fazer a pesquisa, que quem se oferece não pode”, explica. Antes de partir para a violência física, o senhor o xingou de vagabundo e insinuou que o instituto “só pega [eleitores] do Lula” para a pesquisa de opinião.
Ao se virar para ir embora, o senhor começou a desferir chutes e socos e ao tentar revidar, o filho do senhor também foi para cima do pesquisador. Os vizinhos pararam a briga. Após isso, o senhor voltou em casa e pegou uma peixeira, ao sair foi impedido por seu filho. Um dos vizinhos levou o entrevistador de carro para o pronto-socorro e a delegacia da região.
De acordo com o G1, o caso foi registrado como lesão corporal e será investigado pela Polícia Civil, ainda sim, ninguém foi preso.
Em matéria sobre o ocorrido, o Jornal “Folha de S.Paulo" afirma que esse é mais um dos casos na escalada de hostilidade contra profissionais do instituto de pesquisas em período eleitoral.
Existe uma metodologia por trás das pesquisas
O profissional não aceitou a entrevista pois segundo a Folha “os pesquisadores do instituto recebem um treinamento padronizado, que determina que pessoas que se oferecem para serem entrevistadas devem ser obrigatoriamente evitadas, para que a amostra seja aleatória".
De acordo com o instituto, nos levantamentos nacionais ou estaduais, eles sorteiam primeiro os municípios onde irão fazer parte do levantamento e depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas. Dentro da metodologia também são usadas cotas porporcionais de idade e sexo de acordo com dados obtidos junto ao IBGE e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O Datafolha é um instituto independente de opinião, que pertence ao Grupo Folha e trabalha com pesquisas eleitorais e levantamento estatístico para o mercado. O instituto não atua para políticos ou governos.
Ariranha não é o primeiro caso
Entre os casos recentes que vêm sendo registrados pelo o instituto, a maioria deles parte de eleitores bolsonaristas. Em Belo Horizonte, houve a perseguição de uma entrevistadora por quatro homens, que a chamavam de comunista e esquerdista. Após sair correndo, ela caiu no chão e machucou seu joelho. Os homens tentavam pegar à força o tablet que registrava as respostas.
Um outro profissional foi empurrado em Goiânia, por um homem que se identificou bolsonarista e afirmava não querer o pesquisador do Datafolha na região.
Outro caso ocorreu no Rio Grande do Sul, um entrevistador foi levado à delegacia por um policial que se identificou como eleitor de Bolsonaro. Antes que chegassem a delegacia, o policial teria parado o carro e feito perguntas ao pesquisador, que foi solto em sequência e voltou a trabalhar, em outra região.