Maria Clara Drummond Barbosa Castro (21), estudante de jornalismo da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), pretende profissionalmente cobrir categorias do automobilismo mundial como Fórmula 2, Fórmula 3 e Fórmula 4 brasileira. Esse desejo de estar sob as pistas consolidou-se ainda mais após uma coletiva de imprensa, na qual Castro fez uma pergunta à Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial, no ano passado. Natural da cidade de João Pessoa, chegou em São Paulo há três anos, motivada também por desvendar histórias.
Fascinada pelo som do motor e pelo cheiro de borracha queimando no asfalto, o Grande Prêmio de Interlagos em novembro de 2022 pôde unir esse fascínio ao amor pelo jornalismo. Castro, foi ao evento da Petronas, encarregada de redigir uma matéria para o iCarros (site de vendas de carros usados), parceiro da agência que trabalhava.
O espaço proposto pela marca separava os jornalistas em dois lados, para que as perguntas fossem realizadas democraticamente. “Eu fiquei encarando a assessora na intenção de que ela me olhasse, e ela me olhou! Fui selecionada para fazer a terceira pergunta do meu lado.”, conta entusiasmada.
Inspirada pela revista “Vanity Fair”, na qual o heptacampeão foi capa, Castro questionou Hamilton influenciada por uma tatuagem localizada em seu peito - “Powerful Beyond Measure”: “Heróis são maiores que campeões. Sabem que não se trata de vitória ou queda, mas de como você se levanta. Ao longo dos anos, você vem reconhecendo quem é você, reconhecendo a sua luz, é como disse na sua tatuagem para a ‘Vanity Fair’, nosso maior medo é que sejamos poderosos além da mentira, é a nossa luz a que mais nos assusta, portanto, eu lhe pergunto: em seu ponto de vista, como você acha que a Fórmula 1 manterá seu legado brilhando, quando não fizer mais parte do grid?”.
Antes de captar a resposta de Lewis, Castro parou por alguns segundos para entender a realidade que construiu. A jornalista mais nova da sala, ao levantar-se da cadeira para realizar sua pergunta, recebeu olhares de diversas pessoas do setor automotivo, em sua maioria, profissionais mais velhos, homens, com vozes fortes e marcantes.
O britânico, com um sorriso estampado em seu rosto ao ouvir o questionamento, relatou que seu legado não se manterá por uma pessoa em si, mas sim por um grupo que ele consegue tocar, pessoas que muitas vezes não possuem suas histórias contadas, mas são aquelas que realmente fizeram tudo acontecer.
Quinta-feira, um dia depois, a futura jornalista recebeu em seu e-mail a confirmação do credenciamento para o Grande Prêmio de Interlagos. O fim de semana foi mais um grande capítulo da história do esporte, dessa vez, escrita diante de seus olhos. Incidentes recorrentes, uma corrida de recuperação histórica de Hamilton e a primeira vitória de George Russell, seu parceiro de equipe, que mais tarde, também responderia uma pergunta de Castro, na coletiva de imprensa.
A estudante relata que sua infância aos domingos, possui o cheiro do café de sua mãe, Ana Paula, e o som do motor V10. Seu pai, Jaime, assistia sempre a corrida e quando pequena, ela acompanhava juntamente à família, vidrada pelos carros azuis e vermelhos. No mais tardar, o interesse pelas categorias de base surgiria juntamente com a pandemia, em 2020.
A futura jornalista cursou Relações Internacionais por três anos, na PUC – SP. Justamente quando descobriu as vertentes do automobilismo em uma noite e buscou imediatamente informações das categorias, encontrando tudo em inglês, florescendo assim a necessidade de repassar aquilo mais acessivelmente ao brasileiro. Finalmente, encontrou-se em seu atual curso, o de Jornalismo.
Maria Clara Castro abraça o desconhecido e deixa a vida a surpreender. Desvenda-se e aventura-se em qualquer oportunidade cedida no mundo automotivo. Sua motivação é desvendar o que os olhos não alcançam. Cativada pelas histórias que ainda não contou, diz que apesar do medo de falhar, ela não existe sozinha, assim como nenhum outro alguém.