Engenheiras denunciam casos de machismo na SPTRANS e CPTM

A falta de representatividade feminina em cargos de liderança domina o mercado
por
Isadora Pressoto
Sophia Pietá Milhorim
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23/06/2022 - 12h

‘’Quando eu cheguei em uma reunião, a primeira coisa que o cliente falou para o meu chefe foi: “Bom dia! Hoje você trouxe a secretária? Foi um constrangimento geral.” relata a engenheira Jussara Friedman, atual chefe coordenadora da Copem Engenharia Ltda da CPTM. Esse é apenas um dos casos de machismo, qual Friedman viveu em sua trajetória de trabalho.

Friedman acredita que a predominância masculina domina não apenas os cargos de chefia, mas todos os cargos da engenharia. ‘’Não importa o cargo, as mulheres sempre são menosprezadas. Já ocorreu de um engenheiro me explicar o óbvio sobre um assunto da minha especialidade e percebi que essa mesma pessoa não se comportava dessa forma com os homens’’. Essa realidade atinge milhares de mulheres desestabilizando sua autoconfiança, afetando seu rendimento.

A objetificação das mulheres é muito comum neste meio, em que muitas vezes a beleza é colocada acima do intelecto. ‘’Tinha um evento para ir à noite, o meu chefe me indicou para apresentar a empresa, porque como sou mulher, ele achou que era mais fácil, roupa social chique e iria chamar mais atenção’’ consta chefe analista do gestor financeiro da SPTRANS Lucy Aparecida Muniz. Hoje Muniz supervisiona mais de 8 funcionários, mas o caminho para chegar nessa posição não foi fácil. Uma dica essencial que Muniz pontua para mulheres que se sentem oprimidas é ‘’nunca desistir, porque a oportunidade para as mulheres, às vezes pode demorar, mas tendo competência e sendo eficiente, uma hora a porta abrirá’’.

Os casos de machismo muitas vezes não são reconhecidos pelos próprios homens, ‘’na maioria das vezes as brincadeiras foram sem pretensão de desencorajar as mulheres que conheço, pois aconteceram em momentos descontraídos e não em momentos em que uma mulher estava pedindo a opinião ou apoio sobre algo’’, relata Maurício Carneiro, funcionário da mesma empresa qual Friedman trabalha. Carneiro acredita que esse cenário está mudando, mas também pontua que teve mais que o dobro de chefe homens do que mulheres.