Empresários migram para e-commerce durante pandemia

Mesmo enfrentando maior demora para entrega, comerciantes ampliam vendas utilizando plataformas online.
por
Maria Luiza Oliveira
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26/06/2020 - 12h

Patrícia Correa Domingues de Almeida (acervo pessoal)

Com a quarentena, por causa da Covid-19, muitos comerciantes tiveram que fechar suas lojas ou paralisar as vendas nas ruas rapidamente e se adaptar para um novo cenário que surgiu de repente, sem aviso prévio. Muitos deles, para continuar o seu trabalho, migraram para as vendas online e plataformas de e-commerce, onde a compra de produtos ocorrem por meios de dispositivos e aparelhos eletrônicos, e houve pessoas que viram essa situação para começar algo novo.

É o caso da Patrícia Correa Domingues de Almeida, 55 anos, moradora do município de São Paulo, Itapevi, ela, antes do isolamento social, trabalhava como corretora de imóveis e simultaneamente vendia seus produtos de artesanato: “Já trabalhava com as vendas da minha produção artesanal, mas era só como hobby, agora, vi uma oportunidade de me reinventar e quero focar só neles, aí, com ajuda dos meus filhos criei uma página no Instagram para postar meu trabalho. ”

 Almeida nunca tinha trabalhado com o comércio virtual, só faz três semanas que ela entrou para esse universo digital e diz encontrar algumas dificuldades. “São muitos jovens nessas páginas do Instagram, usando uma linguagem que minha geração não consegue pegar. Essa linguagem não está sendo fácil de aprender, mas tenho ajuda do meu filho, o Ivan (Ivan Domingues de Almeida, 20) ”. Além disso, Almeida vê a evolução do e-commerce, como uma nova maneira de viver: “Com a pandemia, as pessoas tão tendo que se reinventar, está crescendo cinco anos em seis meses. Não precisa mais sair de casa para viver, tem tudo na Internet. ”

João Pedro Pereira de Mello (acervo pessoal)

O comércio eletrônico realmente teve mais acessos durante o período de quarentena, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), houve um aumento de 69% na compra de produtos online de pessoas que já faziam parte desse sistema antes da pandemia.  Já na plataforma do Mercado Livre, houve um aumento de 39% de usuários e 75% deles dizem que irão continuar com os métodos eletrônicos.

 

 O empreendedor João Pedro Pereira de Mello, 21 anos, dono da empresa Decoraê, e morador de Pedreira (interior de São Paulo), diz perceber essas mudanças: “Trabalho com e-commerce há quatro anos, antes tinha uma loja física, mas mal conseguia atender meu bairro, por isso mudei, agora, atendo o Brasil todo. Minha empresa trabalha com decorações de festas e de casa, no nicho das festas, houve uma queda de quase 95% das vendas, já no nicho de casa teve um aumento de 30%. Me surpreendi com esse aumento, não esperava que as pessoas fossem se preocupar com a casa no meio de uma pandemia. ” Mello sugere que essa alta na procura de produtos para moradia aconteceu justamente pelas pessoas terem que ficar em casa, e elas estão tentando deixar o ambiente mais agradável.

 O jovem empresário alega que não tem do que reclamar do e-commerce, mas percebeu uma maior demora na entrega durante o isolamento. A pesquisa da SBVC conta que 69% dos consumidores notaram um prazo mais longo para o recebimento de seus produtos. A advogada e empreendedora Natalia de Paula Barone, de 24 anos, trabalha com venda de produtos para tabacaria e falou que notou o atraso nos envios da mercadoria: “Antes eu mandava um produto hoje e já ia chegar amanhã para o cliente, agora demora um pouco mais, cerca de sete ou oito dias, mas mesmo assim acho que está sendo tranquilo. ”

Natalia de Paula Barone (acervo pessoal)

Barone comenta que suas vendas cresceram bastante nesse período. “ Acredito que isso ocorreu porque além das tabacarias estarem fechadas eu trabalho com um produto de vício, então as pessoas que frequentavam as lojas físicas tiveram que ir para o mercado virtual. ” Ela trabalhava em um escritório de advocacia, mas no início do ano decidiu sair e começar a trabalhar com e-commerce: “Antes da pandemia começar até pensei em montar uma loja física, mas aí veio toda essa situação e vi que era melhor não. Com a loja física eu teria muito mais gastos do que eu tenho com o e-commerce, não compensaria. Então decidi expandir minhas vendas indo para outras plataformas e até criei um site no início da pandemia. ”