A Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC) divulgou que as vendas online geraram às empresas um lucro recorde de R$ 224,7 bilhões no ano de 2020. Esse número foi alcançado por conta das medidas de isolamento adotadas pelo governo devido ao avanço da pandemia do coronavírus. Nessas circunstâncias, surgiram muitos empreendimentos que foram criados por pessoas que tiveram que se reinventar para garantir seu sustento.
“Não tinha nenhuma fonte de renda, foi logo no início da pandemia. Comecei a investir na produção de pães artesanais com o dinheiro do auxílio emergencial”, conta Maria Luiza Póvoas Santos Rocha (24), que decidiu fazer pães por encomenda para complementar o ganho familiar.
Maria Luiza Póvoas Santos Rocha (24) com o seu pão de fermentação natural
Em tempos de isolamento, o ensino a distância e o home office se consolidaram como forma de adaptação para que todos continuassem com suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Pensando nisso, Nicolle Rodrigues (27) idealizou a papelaria criativa online Nicco Have Fun, ressaltando que "sempre fui apaixonada por papelaria, meu escritório é todo decorado, e eu notei que toda vez que eu vinha estudar ou trabalhar onde tinha esses estímulos visuais, eu conseguia produzir melhor. Então eu comecei a pensar: ``Por que não oferecer isso para outras pessoas também?".
Nicolle Rodrigues (27) com seus objetos de papelaria
Uma pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que as mulheres foram mais eficientes com a criação de negócios para vender seus produtos durante a pandemia, contando com o auxílio das redes sociais. A pesquisa mostrou que 71% das mulheres utilizaram da tecnologia para efetuarem suas vendas. Para Carlos Melles, presidente do Sebrae, tal situação ocorreu por conta do maior nível de escolaridade das mulheres, quando comparado com os homens.
Além disso, as mulheres empreendedoras, segundo a pesquisa já citada, são jovens, sendo que 24% delas têm até 35 anos. Amanda Gonçalves (25), dona da Use.luz, faz parte desse grupo de mulheres, e para ter uma renda em meio às dificuldades que a pandemia trouxe, vende bolsas sob encomenda pela internet.
"Eu estava morando em Bogotá, trabalhando na minha área, aí por conta da pandemia eu decidi voltar pro Brasil, pedi demissão, cheguei sem perspectiva de arrumar emprego. Eu voltei em maio e fiquei até setembro me candidatando à várias vagas, mas não consegui nada. Então em setembro eu decidi abrir a loja", relata Gonçalves.
Amanda Gonçalves (25) em uma selfie com suas bolsas
Segundo Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), no auge da quarentena, a associação chegou a registrar uma nova loja virtual a cada minuto em 2020. Fato esse que demonstra o crescimento de 1,2% no mercado e-comercce, divulgado pelo IBGE, mesmo com a contração de 4% na economia nesse mesmo ano.