Entre os novos jornalistas que estão surgindo, Gabriela Mayer se destaca. Formada pela Cásper Líbero, ela teve dúvida entre direito e jornalismo, sendo o jornalismo a sua segunda escolha. Por vias do destino, optou em arriscar na segunda opção, e no decorrer do processo encontrou sentido em seguir a carreira, se encontrando na profissão enquanto começava exercer a função como jornalista. Sobre as dificuldades da carreira, ela cita o envolvimento profissional nas matérias; dependendo como a matéria te atinge é difícil agir de forma fria e profissional. Não sendo tranquilo lidar com alguns fatores da notícia, como por exemplo no caso de brumadinho, onde se via cadáveres sendo retirados, o cheiro da putrefação e a injustiça com as vítimas. “Você evolui como indivíduo, como profissional, mas é traumático passar por isso.”, diz a jornalista.
Um outro problema, citado por ela após começar a trabalhar como radialista na BandNews FM, é a falta de uma abertura real para o diálogo com os ouvintes, há uma parcela que não acreditam na sua informação, duvidam dos fatos e só querem vomitar agressividade pelo WhatsApp da rádio. Por mais que ela tente mostrar a informação, o fato, as pessoas não acreditam. “É muito difícil achar a forma correta de dialogar com quem crê no negacionismo, já tentei algumas formas, mas é muito difícil achar uma forma efetiva. Falta muita educação para saber como analisar um conteúdo ou uma opinião. É difícil ter que lidar com a fake news.”
Umas das principais dificuldades em que um jornalista tem que saber administrar é lidar com a demanda de trabalhos. Para a Gabriela, a tática é ser organizada e seguir os cronogramas, para assim não ter atrasos. Porém, ela confirma que há uma sobrecarga na rotina de trabalho, especialmente nos jornalistas que são expostos ao hardnews, que comumente chegam a quadros depressivos. “Nas redações de maneira geral há uma negligência, as pessoas não reconhecem esse tipo de doença, não levam em consideração que é um trabalho exaustivo.”
Entre os principais temas que a jornalista gosta de trabalhar é com a cultura, onde é realizadora do podcast “Põe na estante”, sendo abordado dicas de livros e convidados que também tem o hábito da leitura. Servindo como um incentivador para aqueles que ainda desconhecem o mundo literal. Para ela, a cultura é principal fonte para enfrentarmos este momento obscuro do nosso país. “A cultura nos conecta, ela conta uma história, ela comunica as pessoas. A cultura nos faz humanos, tem a capacidade de criar, questionar, nos faz mudar a forma de pensar... A arte é tão potente que ela gera uma comunicação entre os indivíduos que não se conhecem.”