Nos dias 27 e 28 de outubro, Donald Trump e Kamala Harris, postulantes à Casa Branca pelos partidos Republicano e Democrata, fizeram seus discursos finais para as eleições nacionais que ocorrerão no dia 5 de novembro.
Donald Trump
O comício de Donald Trump ocorreu no Madison Square Garden, em Nova Iorque, alcançando a lotação máxima do local de 20 mil pessoas. A escolha do local foi inusitada pois, com todas as comparações ao fascismo em suas falas, Trump escolheu justamente o local do famoso comício de apoio ao nazismo em 1939.

Foto: Angela Weiss/AFP
Discursos feitos por Trump e seus convidados deram um show de preconceito, trazendo falas direcionadas ao marido de Kamala Harris, chamando-o de “judeu de quinta categoria”. A própria vice-presidente sofreu injúrias como: “burra”, “prostituta”, “demônio” e “anticristo”. Além de se direcionar aos eleitores democratas como: “um bando de degenerados”. O último convidado da noite, o comediante Tony Hinchcliffe, em sua fala, chamou o território porto-riquenho de “uma grande ilha de lixo” e completou dizendo que os imigrantes não seriam uma quantidade tão expressiva se soubessem usar contraceptivos.
Trabalhadores próximos ao ex-presidente revelaram para a imprensa após o comício que Trump demonstra interesse em se livrar de Porto Rico, território estadunidense, caso seja eleito. O mesmo já perguntou se seria possível se livrar da ilha, ou trocá-la pela Groenlândia, já que lá não tem “moradores sujos e pobres”, nas palavras do concorrente a Casa Branca.
Mas se engana quem pensa que os absurdos acabam pelos convidados. Donald Trump subiu ao palco para realizar o que está sendo chamado de “O argumento final mais extremo da história moderna”. O discurso foi repleto de mentiras, injúrias e exageros, com muitas falas baseadas no racismo, machismo e seus ideais anti-imigratórios.
Trump trouxe um discurso muito comum entre líderes de extrema-direita ao sugerir que os imigrantes, principalmente os latino-americanos, são culpados pelas frustrações econômicas que os americanos vêm passando durante o governo Biden, ele afirma que a população estava melhor na economia de seu governo e que os imigrantes são os maiores culpados disso. Falas nesse sentido foram comparadas aos discursos de políticos como Hitler e Mussolini nos anos 40 por vários eleitores democratas incluindo Tim Walz, candidato à vice-presidência pela chapa de Kamala Harris.
Com mais polêmica, Trump continua suas falas anti-imigratórias. Segundo ele, a mistura do sangue do imigrante com o sangue americano é um perigo para a raça americana. Além de trazer falas anti-democráticas como: “Essa vai ser a última vez que a América precisa votar em mim”.
Trump foi extremamente criticado internacionalmente pelo discurso durante o comício, mas isso não afetou suas chances de vitória por enquanto.
Kamala Harris
O discurso final de Kamala Harris, um dia após o de Trump, foi realizado no Ellipse, parque ao sul da Casa Branca, o local trouxe 40 mil pessoas para ouvirem o discurso da vice-presidente, o dobro do que ouviu Trump no dia anterior. Sua fala focou na sua promessa de que, caso ganhe a disputa, seu governo trabalhará contra o extremismo que as ideologias de Donald Trump instalaram no país. No atual cenário, onde ambos os candidatos estão empatados tecnicamente, Kamala se dirigiu àqueles indecisos ou com pouca vontade de votar até terça-feira.

Foto: Bonnie Cash/UPI
A primeira crítica da candidata a seu oponente foi que Trump está muito focado em sua “lista de inimigos” enquanto ela trabalha em sua “lista de tarefas”. Kamala também relembra que, há quatro anos, Trump esteve no mesmo local que ela para incentivar a população a invadir o Capitólio no famoso 6 de janeiro de 2021. Ela também se posicionou contra as falas de seu concorrente sobre os imigrantes latinos, em especial a população porto-riquenha.
“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo de dentro’. Este não é o melhor candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor”, disse a vice-presidente. “Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”.
Sobre suas próprias propostas, Harris falou sobre expandir o MediCare para a cobertura de assistência médica a domicílio, e apoiar os direitos reprodutivos das mulheres. A democrata também reforçou que acabar com a guerra em Gaza será parte crucial de seu governo.
Ela reforçou que fará uma reforma no sistema migratório do país, dizendo que “não há motivo para trabalhar a imigração como um problema para assustar o eleitor”. Ela ainda pretende ser severa em relação a imigração ilegal, pressionar os cartéis e dar apoio a patrulha fronteireira, mas afirmou que vai proteger os imigrantes legais em território estadunidense.