Eleições EUA: O que vitória de Trump significa para economia brasileira

Logo após a vitória do republicano, o dólar bateu recorde R$ 6,19
por
Vicklin Moraes
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08/11/2024 - 12h

 

Nas vésperas das eleições que definiriam o futuro presidente dos Estados Unidos, o dólar disparou, alcançando R$ 5,87, o maior valor desde a pandemia. Após a vitória de Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris, a moeda americana oscilou, atingindo R$ 6,19, um recorde histórico.

Segundo Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), a alta do dólar nas vésperas da eleição reflete um padrão observado em edições anteriores, intensificado pela forte rivalidade entre Trump e Harris. Essa instabilidade impacta diretamente o mercado financeiro, que não aprecia grandes riscos.

De acordo com o professor, o principal efeito na economia brasileira será nas exportações de produtos para os Estados Unidos. “O que Trump promovia em seu governo anterior era uma prática de protecionismo comercial, desvalorizando produtos estrangeiros em favor dos produtos norte-americanos. Isso pode prejudicar a entrada de produtos brasileiros, levando a uma sobretaxação”, afirma Amaral.

A política de protecionismo comercial implementada por Trump não é nova,durante seu primeiro mandato, o Brasil já sentiu grandes impactos devido aos altos impostos sobre a exportação de ferro e aço. Entretanto, o país que mais sofrerá com essa política será a China, que exporta desde aparelhos eletrônicos até soja. Com o baixo comércio entre Brasil e Estados Unidos, a tendência é que o dólar se torne cada vez mais caro.

Em outubro, durante sua campanha presidencial, Trump afirmou que aplicaria tarifas de 100% contra países que tentassem reduzir o valor do dólar ou abandonar a reserva da moeda americana. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do BRICS, e uma das missões será decidir sobre o uso de moedas locais. Caso opte por outra moeda que não seja a americana, o país poderá enfrentar sanções comerciais e sobretaxações.

Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert
Presidente Lula em encontro de líderes do Brics, na África do Sul, em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert

 

Em relação à política externa, Rodrigo Amaral acredita que não haverá grandes mudanças sob a presidência de Trump, mas sim a manutenção das posturas tradicionais adotadas pelos Estados Unidos