Eficácia contra a Covid pode favorecer o PIB

Com abordagens opostas na pandemia, Nova Zelândia e Brasil colhem resultados diferentes na economia
por
Eleonora Marques e Bianca Monteiro
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09/06/2021 - 12h

O Lowy Institute - um centro de pesquisa localizado na em Sidney, na Austrália - estudou a forma com que 98 países lidaram com a pandemia. Em sua pesquisa, o Instituto analisou - entre outros fatores - a quantidade de casos e mortes confirmadas por milhão de habitante e criou uma metodologia para ranquear os países, dando maior nota àqueles que lidaram melhor com o coronavírus. 

Na lista, divulgada em 9 de janeiro, a Nova Zelândia ocupa o primeiro lugar, com pontuação de 94,4. Logo atrás está o Vietnã, com 90,8, e Taiwan, com 86,4. Na outra ponta, o pior resultado ficou com o Brasil - que pontuou apenas 4,3 -,  mais de 90 pontos a menos que o primeiro colocado. Junto com o Brasil, México e Colômbia também tiveram resultados ruins, atingindo 6,5 e 7,7, respectivamente. 

Desse modo, de acordo com o Our World In Data - uma revista científica da Universidade de Oxford - a Nova Zelândia teve apenas 0,44 morto por milhão de habitante, enquanto o Brasil teve 302, cerca de 700 vezes mais.

Com cenários tão distintos entre os países, como ficam as projeções para a economia? Qual o impacto da gestão da doença nos respectivos prognósticos econômicos? 

Resultados de 2020 

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulga periodicamente o World Economic Outlook, um relatório contendo suas projeções para a economia de todo o mundo. Na última edição, publicada em abril deste ano, o órgão mostrou que 2020 foi um ano difícil para todos os países: em média, o mundo teve queda de 3.3% em seu PIB. 

Na separação por continentes, o FMI mostra que os mais afetados pela pandemia foram a América Latina e Caribe - com queda média de 7% no PIB  - e a Europa, uma das primeiras atingidas pela doença, com queda de 6,6%. 

Enquanto isso, os melhores resultados foram na Ásia, que, no agrupamento usado pelo FMI, também conta com a Oceania. No ano passado, o PIB do continente caiu apenas 1%, provavelmente impulsionado pela China, Nova Zelândia, Austrália, Taiwan e Vietnã. 

Comparativo entre o melhor país e o pior país 

Como a pesquisa do Lowy Institute mostrou, o melhor país no enfrentamento da pandemia foi a Nova Zelândia e o pior, o Brasil. No World Economic Outlook, é possível ver as perspectivas para ambos e o país insular da Oceania vence o Brasil em todas elas. 

 

PIB 2021

PIB 2022

PIB 2026 

Brasil

  • 3,7% 

  • 2,6% 

  • 2,0%

Nova Zelândia

  • 4,0%

  • 3,2%

  • 2,5%

Além de ter estimativas menores, muitos economistas veem viés de baixa para o PIB do Brasil, devido - principalmente - à piora na pandemia. 

É o caso de Eduardo Yuki, Stephan Kautz, Lucas Augusto e Thalita Silva, economistas do Banco Safra. De acordo com a instituição, que recentemente diminuiu sua projeção para o PIB, o Brasil deve crescer apenas 3% em 2021. 

Segundo eles, além do problema sanitário, esse é o resultado da soma de quatro fatores: 

Aumento no preço médio de bens e serviços; juros maiores (que limitam o acesso das famílias ao crédito); dificuldade no mercado de trabalho (que não vem se recuperando como o previsto) e falta de um programa de transferência de renda na magnitude do auxílio emergencial 

Para 2022, os especialistas do Safra também têm visão mais pessimista que o FMI. Em vez de 2,6%, esperam que o país cresça apenas 1,8%. 

Por outro lado, a Nova Zelândia já tem comércio aberto há meses e recentemente também voltou a permitir shows, alguns para mais de 50 mil pessoas. Com isso, sua economia tem funcionado quase como na era pré-Covid (com a exceção de aviões, ônibus e trens, únicos lugares onde ainda é obrigatório o uso de máscara), cenário ainda distante do Brasil