Por cerca de 20 minutos o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na Avenida Paulista em São Paulo, naquele que seria o discurso “mais robusto", nas palavras do presidente. Durante a fala, Bolsonaro fez ataques diretos ao Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e chegou a afirmar que não respeitará “qualquer decisão” vinda do magistrado.
“Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”- Jair Bolsonaro
Discursando para cerca de 125 mil pessoas, segundo a polícia, o presidente xingou o ministro de “canalha” e pediu sua saída.
“Ou esse ministro se enquadra, ou ele pede para sair. Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha!”- Jair Bolsonaro
Além de Moraes, Bolsonaro também criticou o processo eleitoral, afirmando que “não é confiável”, e voltou a pedir o “voto auditável” com “contagem pública de votos”. Quando falou de eleições, Bolsonaro mentiu sobre a decisão do corregedor-eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Felipe Salomão, que ordenou a suspensão da monetização de canais que disseminam informações falsas sobre as eleições no Brasil. A decisão mirou perfis que produzem conteúdo falso, e Bolsonaro tratou os alvos da medida apenas como críticos do sistema de votação.
O presidente voltou a afirmar que só sai da presidência “preso, morto ou com a vitória”, e foi enfático ao dizer que “só Deus” o tira de lá.
A fala terminou por volta das 16h. Em seguida, ele desceu do carro de som e foi cumprimentar apoiadores, cercado pelo aparato de segurança e sem o uso de máscaras. Só depois, seguiu para o hotel de onde seguiria para Brasília. Após o presidente deixar o local, os manifestantes se dispersaram.
A expectativa é que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, se reúna com os demais membros para preparar uma resposta aos ataques feitos à Côrte e a seus ministros. Vale lembrar que mais cedo, ainda em Brasília, em seu primeiro discurso, Bolsonaro atacou o STF e alfinetou o ministro Luiz Fux.
“Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro], ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos.”- Jair Bolsonaro
As falas do presidente ao longo do dia foram recebidas com alertas por políticos. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou à CNN Brasil que o país chegou ao “limite da dignidade política”, e o partido convocou para amanhã (8) uma reunião extraordinária para debater o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.