A disparidade entre as classes sociais que escutam o gênero funk

Entenda por que, mesmo sendo amado por todos, o gênero musical ainda é pouco explorado pelas elites
por
Matheus Santariiano
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23/05/2023 - 12h

O funk chegou ao Brasil na década de 70, e logo nessa época ganhou destaque nos bailes da zona sul do Rio de Janeiro, área nobre da cidade. 

Com o passar do tempo, naturalmente o gênero foi se espalhando por mais áreas do estado, e o crescimento de outro gênero musical, a MPB, fez com que os espaços que antes eram destinados para então os bailes “nobre” de funk fossem agora utilizados para a música popular brasileira. Sendo assim, o funk começou a adentrar os subúrbios cariocas. 

No decorrer da década de 80, permanecia a grande influência dos Estados Unidos, o funk ia se espalhando  pelo Brasil, porém com todas as suas composições ainda em inglês. No final dos anos 80 surgiu o primeiro disco de funk totalmente em português, chamado “Funk Brasil”.  

E desde a década 80 até os anos 2000 o funk era muito visto ainda apenas como “ritmo musical periférico”. 

A partir dos anos 2000 (e até hoje) o funk começou a ser visto como grande movimento social, ganhando força também fora das periferias, entre as classes altas e médias, além de, junto com o RAP, servir como uma forma de alertar e afastar os jovens que vêm de comunidades do crime que acontece no local. 

Apesar de muitas críticas às letras das músicas, por serem frequentemente machistas ou fazerem em alguns casos apologia ao crime e ao tráfico, existe também um certo “ativismo social” no funk, que com o passar dos anos deu origem ao famoso “funk consciente” que se conhece hoje: mesma batida, mesma levada, porém com mensagens diferentes e que buscam inspirar os jovens da periferia para uma vida longe do crime. 

 

Funk na atualidade  

Hoje, o funk tem quebrando barreiras, vencido prêmios internacionais e cada vez mais derrubados preconceitos, que mesmo assim persistem. 

Uma prova desse avanço do funk entre as classes sociais é como ele se popularizou entre os jovens universitários, nas festas de faculdade, que sempre tiveram sua força no Brasil, e nos dias atuais quase sempre são acompanhadas de muito funk. 

O exemplo da popularização do funk periférico, o famoso “mandelão”, está nessas festas privadas, onde o público paga ingressos caros para experimentar   as mesmas coisas que existem em um baile de rua: as mesmas músicas, as mesmas bebidas e os mesmos DJs que tocam nas comunidades. A principal diferença é justamente o público que frequenta ambos os locais. Quem não tem condição de comprar os ingressos para os eventos, não tem a possibilidade deter um momento de lazer em algo diferente, ficando limitado apenas aos bailes de rua.  Em contrapartida, quem frequenta as festas universitárias na maioria das vezes não vai nos bailes, mesmo que eles ofereçam, de graça, os mesmos atrativos   que eles buscam nas festas. O por quê dessa disparidade é uma questão a ser levantada.  

Vale explicar que quem frequenta os bailes de rua muitas vezes é por ver neles a única opção de lazer viável, e não necessariamente pela música alta ou pela simplicidade (já que acontece nas ruas).  O que atrai os jovens é oportunidade de um momento de lazer, visto que nos lugares privados os “bailes” acontecem com segurança, estrutura e palcos, porém com preços abusivos.  

 

Motivos de a elite não frequentar os bailes 

 

Suposto medo 

Um dos principais motivos para que ocorra essa disparidade entre classes em eventos do mesmo gênero, é que muitas vezes as pessoas das classes altas expressam um suposto medo do perigo nas ruas ou das regiões onde ocorrem os bailes. Algo que pode ser meio contraditório, visto que, nos eventos privados, também existem diversos casos de roubos, furtos e brigas.  

  

Preconceito  

Algo que também é muito visto, e não somente em festas, é o preconceito entre as classes., Não é de hoje que é possível ver que existem julgamentos da elite em relação às pessoas de classes mais baixas, e na maioria das vezes, além de julgar, dizem que não querem frequentar os mesmos lugares. 

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