Em 2022, a porcentagem de vacinação trouxe maior segurança ao retorno das atividades presenciais. Considerados uns dos maiores eventos do mundo, os desfiles de escolas de samba atraem milhares de turistas e fãs de carnaval. Depois de dois anos, Rio de Janeiro e São Paulo foram palcos das festividades, que ocorreram em meio ao feriado de Tiradentes, fora da época convencional.
Segundo a estimativa divulgada pela São Paulo Turismo (SPTuris), os dois dias de desfiles no Sambódromo do Anhembi atraíram 64 mil pessoas. Ao todo, foram 17 blocos e 14 escolas do grupo especial desfilando entre os dias 21 e 24 de abril.
Apesar de alguns contratempos, como atrasos e problemas técnicos, o primeiro dia em São Paulo foi marcado pelos desfiles da Colorado do Brás, que homenageou a escritora Carolina Maria de Jesus; da Mancha Verde, que assumiu a avenida com o enredo “Planeta Água”; da Tom Maior, que homenageou o nordeste brasileiro em conjunto com uma adaptação do livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry; da Unidos de Vila Maria, que apostou no enredo “O mundo precisa de cada um de nós” e destacou, de forma emocionante, a colaboração e a fraternidade diante da vida “pós-covid19”; da Acadêmicos da Tatuapé, que trouxe à avenida a importância do café na história e na economia do Brasil; e, finalizando o primeiro dia, a Dragões da Real homenageou o sambista Adoniran Barbosa, grande nome da música brasileira.
O segundo dia de desfile se iniciou com a maior detentora de títulos do carnaval paulista, a Vai Vai, que apostou na homenagem aos povos africanos. Em seguida, a Gaviões da Fiel tratou em seu enredo o preconceito, a desigualdade social e a exploração; na sequência, a Mocidade Alegre homenageou a sambista Clementina de Jesus, mulher negra e referência dentro da música brasileira. Já a campeã do último desfile de 2020, Águia de Ouro, prestou homenagem ao orixá Oxalá, apostando no branco e promovendo a valorização da cultura afro-americana. Mergulhada na madrugada, a escola Barroca Zona Sul esbanjou uma homenagem à entidade religiosa Zé Pilintra, abordando uma visão positiva do arquétipo “malandro”. A Rosas de Ouro, por sua vez, encantou os espectadores com exaltações a rituais religiosos, à fé e à ciência, e ainda teceu críticas a declarações feitas pelo atual presidente da República. Encerrando as festividades em São Paulo, a Império de Casa Verde apresentou um enredo voltado para a importância e o poder da comunicação, tratando desde o início das verbalizações até seu impacto na tecnologia atual.
O resultado das apurações dos desfiles foi divulgado dois dias após o evento e a grande campeã foi a Mancha Verde. Ao todo, nove quesitos foram considerados para a atribuição das notas para as escolas: harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, enredo, evolução, bateria, fantasia, alegoria, samba-enredo e comissão de frente. Ao fim da apuração, punições da Liga e problemas internos demarcaram o rebaixamento das escolas Colorado do Brás e Vai-Vai ao grupo de acesso.
Durante o desfile das escolas campeãs, realizado no dia 29 de abril, oito agremiações retornaram ao Sambódromo do Anhembi. O evento de comemoração foi introduzido pela Nenê de Vila Matilde, que venceu o grupo de acesso 2 - em uma disputa acirrada contra a Unidos do Peruche - com a reapresentação de um enredo da década de 1980. A bicampeã do Carnaval de São Paulo, Mancha Verde, trouxe à avenida sua consagrada rainha de bateria Viviane Araújo, grávida de quatro meses, que fez questão de comemorar o título desfilando, já que não pôde comparecer ao desfile oficial. Na mesma noite, também se apresentaram outras quatro escolas do grupo especial, além da Independente Tricolor e da Estrela do Terceiro Milênio, que retornam à elite paulista em 2023.
Desfiles retornam ao Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, depois de dois anos: confira os destaques
Fora do calendário convencional, os desfiles das escolas de samba de São Paulo ocorreram nos dias 21 a 24 de abril.
03/05/2022 - 12h