Desde que entramos na faculdade de jornalismo, uma das coisas que os professores mais nos chamam atenção é que essa área de atuação no mercado de trabalho não se limita apenas a passar e transmitir informações, nós, jornalistas, também estamos muito presentes na formação das pessoas. Esse público, não necessariamente é jovem, muito pelo contrário, porém não estamos presente na formação de caráter dessas pessoas, por exemplo, e sim na formação da opinião delas.
Uma das palavras que melhor define um bom jornalista, ou que deveria definir, é a “imparcialidade”, porém, na maior parte das vezes, existe uma parcialidade por parte dos profissionais. E ela é inevitável, todos somos parciais quando se trata de algum tema, a diferença é que um jornalista não pode deixar isso afetar sua profissão, mas normalmente, os veículos e as empresas em que os profissionais estão inseridos, deixa essa parcialidade afetar em seu trabalho, por menor que ela seja, ela ainda está ali. E é justamente por isso que essa parcialidade se torna um desafio na hora de educar a população, um desafio que o próprio jornalismo cria, pois direciona o público a ter certo posicionamento e é o maior responsável por isso.
Outro desafio enfrentado, e o mais nítido que existe, são as fake news, as notícias falsas, criadas justamente com o propósito de enganar as pessoas que conseguir atingir. E o maior problema delas, é quando são bem feitas, porque assim, conseguem enganar um número ainda maior de pessoas, e um fato que contribui muito para que as fake news sejam cada vez mais tomadas como verdade, é que as pessoas que as recebem, nas mídias sociais por exemplo, apenas as compartilham sem ao menos checar se a notícia é realmente verdade.
As fake news já provaram o poder que tem dentro de nossa sociedade diversas vezes. Em 2016, na eleição presidencial americana, surgiu a teoria da conspiração chamada de Pizzagate, e no fim das contas, isso fez com que o Partido Democrata americano perdesse força nas eleições, e esse resultado foi gerado depois que algumas notícias (falsas) foram sendo criadas e postadas nas mídias sociais, como o Twitter e o Reddit. Outra vez, ainda nos Estados Unidos, que as fake news se mostraram muito influentes, foi durante o governo de Donald Trump, quando foi criado o movimento extremista QAnon, que se iniciou a partir de um post de uma pessoa em anônimo na internet, expondo informações falsas sobre o presidente da época, a fim de acabar com sua imagem, ou ao menos, formar um grupo de pessoas que também fosse contra ele (e foi exatamente o que aconteceu).
O movimento das notícias falsas se tornou algo tão grande, que os veículos de comunicação, hoje, devem sempre bater nessa tecla, e afirmar o máximo de vezes possível que não se deve confiar em todas as notícias que recebemos no Whatsapp, por exemplo. A Globo passou a fazer propagandas para passar durante o dia todo reforçando essa ideia de que se deve consultar todas as informações antes de passar notícias a frente.
Por isso eu penso que esses dois fatores são os maiores desafios do jornalismo na formação das pessoas. Na realidade, a parcialidade dos jornais, não é necessariamente um desafio, mas sim um possível problema na sociedade, criado pelos próprios veículos de transmissão. Já a parte das fake news, é de fato o maior desafio enfrentado atualmente, ainda mais por conta da internet, que facilita muito a difusão de informações falsas.