Desafios da arte cênica no Brasil

Estudante conta como lida com o dia a dia na arte e relata seus enfrentamentos
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04/04/2023 - 12h

Por Lorrane de Santana Cruz

A realidade de muitos artistas de teatro no Brasil não apresenta boas perspectivas. Na graduação, a situação não foge disso, muitos cursos estão cada vez mais desvalorizados e Artes Cênicas é um deles. "Pra mim, o curso de artes cênicas no brasil é extremamente desvalorizado, ainda mais com o governo que a gente tinha até o ano passado, que sempre desdenhou da arte. E eu espero que esse ano a arte volte a ser reconhecida, assim como o teatro e a cultura", diz Olívia Cattani, que cursa o Célia Helena Centro de Artes e Educação. "Eu escolhi porque sempre foi o que eu imaginei e quis, e por mais que eu tentasse sair desse caminho, fugir disso por sempre ouvir que eu iria morrer de fome. Eu tentava negar, mas me identifico e não consigo me ver estudando outra coisa", acrescenta a atriz amadora. 

"O que eu mais me identifico com o meu curso é poder representar, estar no palco,  poder ser vista. Eu gosto da ideia de estudar um personagem, a história desse personagem, tudo por trás dele. Tem gente que pensa que você vai mudar, virar uma nova pessoa, mas não é isso! É entrar em contato, eu acho isso incrível", conta Olívia, que enxerga como maior desafio do curso o próprio mercado de trabalho que na maioria das vezes é escasso. 

"Porque você pode fazer uma peça, gastar meses se preparando, ensaiando, entre outras coisas para no final a remuneração ser muito baixa. O maior desafio é não ter certeza, não que em outros cursos você tenha, mas é muito incerto". De acordo com o Portal da Transparência, os gastos do governo com a cultura caíram entre 2018 e 2022. Com o governo Bolsonaro, os gastos foram de 89,5 milhões, enquanto que no governo Temer os gastos foram de 245,5 milhões.  

A Lei Rouanet de 1991 foi criada para incentivar a cultura. E no governo de Jair Bolsonaro, poucos projetos foram aprovados. Segundo o Sistema de Acessos às Leis de Incentivo à Cultura, a estimativa de queda foi de um terço, de 2019 a 2022, o governo aprovou 12,8 mil projetos de cultura. Perguntada se lida com muitas piadas ou deboche com a escolha do que cursar, Olívia diz que "no começo quando eu escolhi o que eu queria fazer, quando eu optei por artes cênicas eu tinha vergonha de contar para as pessoas. Eu achava que as pessoas iriam me taxar como prepotente, que eu me achava. Até hoje eu falo em forma de piada".

 

 

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