Gabriela Mayer é jornalista, apresentadora e podcaster. Apesar de ter experiências no jornalismo televisivo, é trabalhando com o áudio que Mayer, no momento, tem mais a oferecer dentro de sua carreira. Antes de entrar para o mundo dos podcasts, a jornalista conta que teve seu primeiro contato com a mídia no rádio.
‘‘O rádio tem uma potência, tem uma agilidade, tem uma proximidade que realmente são encantadoras. Por outro lado, eu sou uma pessoa que sempre foi muito apegada à imagem. Eu sou uma pessoa muito visual, inclusive. Então a construção de histórias com imagens sempre fez muito sentido pra mim. O rádio, no entanto, te dá outras tantas possibilidades. No rádio é tudo muito rápido. Por exemplo, acontece uma coisa agora, você tem a possibilidade de colocar alguém no telefone e essa pessoa vai te trazer informações. Na TV, isso é um pouco mais difícil’’.
A jornalista iniciou a sua carreira no rádio na Band News FM, onde trabalha até hoje, após atuar como apresentadora de telejornal na TV Cultura, e contou sobre as dificuldades enfrentadas em função da mudança: ‘‘É outro jeito de contar história, então eu tive que aprender a descrever muito. Na TV, você não precisa descrever, você inclusive está chamando o espectador de obtuso se você descreve, porque a pessoa tá vendo o que tá acontecendo. Daquela imagem, talvez ela compreenda outras coisas que você nem percebeu. No rádio, você precisa descrever. A condução dos programas na TV é muito mais roteirizada, no sentido de seguir muito mais um script...o rádio é muito mais freestyle, então você precisa ter uma capacidade de improvisação muito grande. Quando eu fui para o rádio, eu não tinha essa capacidade’’.
Além da função de radialista na Band News FM, Mayer também partiu para o universo dos podcasts. A jornalista é responsável pelo Elas com Elas, podcast semanal da estação de rádio em que trabalha, além de ser sócia-fundadora da Rádio Guarda-Chuva, rede independente de podcasts jornalísticos. Dentro dessa rede, Meyer produz o Põe Na Estante, programa focado em literatura. Meyer conta que era encarregada de todos os segmentos da produção do podcast, mas que, a partir de um financiamento coletivo, pode pagar um profissional para fazer a mixagem dos episódios e o seu irmão, que é responsável pela identidade visual.
Sobre a produção, Mayer conta que prefere dividir a programação do Põe Na Estante em temporadas e planejá-las com antecedência. Dessa forma, os livros e os convidados são todos definidos antes de se iniciarem as gravações da temporada. ‘‘As temporadas tem uma lógica, também. Nessa temporada focada nos clássicos, eu fiz uma construção em que os livros trazem questões semelhantes. Por exemplo, o episódio 3, sobre A Morte do Ivan Ilitch, dialoga muito com o episódio da segunda parte da temporada, que é sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, no sentido de que são dois livros que falam sobre a morte, mas de maneiras completamente diferentes...E a temporada começa e termina numa barata’’, explica a jornalista, ao se referir aos livros A Paixão Segundo GH e A Metamorfose, pautas do primeiro e último episódio, respectivamente. Mayer conta que a organização e a maneira metódica com que leva o seu trabalho e sua vida são traços definidos de sua personalidade, mesmo que isso resulte em consequências negativas para a sua vida pessoal e seu tempo livre.