Daisy Jones & The Six: das páginas às telas

Sucesso de vendas ganha adaptação para o streaming e tem algumas mudanças no roteiro
por
Bianca Athaide
Helena Cardoso
Khadijah Calil
|
23/04/2023 - 12h

Adaptada do livro best-seller de Taylor Jenkins Reid, Daisy Jones & The Six chegou à Amazon Prime Video no início de março deste ano e conta a história de uma banda fictícia que fez sucesso na década de 1970. Em uma série de dez episódios, produzida pela Hello Sunshine (produtora da ilustre atriz de Legalmente Loira, Reese Witherspoon), os fãs conseguiram ouvir as canções originais da banda, disponibilizadas em diversas plataformas de áudio e em versões físicas, no álbum denominado "Aurora". 

Witherspoon teve participação direta no sucesso da obra, já que ele entrou para a lista dos mais vendidos do New York Times após a atriz escolhê-lo para o seu clube do livro. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ela disse que se sentiu como uma “tia orgulhosa”, após o lançamento da série. Publicado em 2019, o livro tem formato de entrevista e está ambientado décadas depois do sucesso e da misteriosa ruptura da banda. Também são usados cartas, e-mails e letras de músicas dos personagens, para compor o enredo. 

A história começa no estado da Filadélfia, com os irmãos Dunne (Billy e Graham). Eles formam uma banda, que algum tempo depois se muda para Los Angeles, na Califórnia, em busca de ascensão na cidade do rock ‘n’ roll. Lá se juntam com Daisy Jones, uma garota envolvida em muitos conflitos, por insistência do empresário Teddy Price, para o lançamento de uma música. A parceria faz mais sucesso que o esperado, e rende um álbum e uma turnê repleta de shows esgotados.

Na série, o elenco conta com Riley Keough - neta de Elvis Presley - dando vida a Daisy Jones e o experiente Sam Clafflin como Billy Dunne, os vocalistas da banda. Suki Waterhouse (Karen), Will Harrison (Graham), Sebastian Chacon (Warren) e Josh Whitehouse (Eddie), completam os “The Six”, e Camila Morrone interpreta Camila, esposa de Billy na trama.     

A adaptação transita entre os trechos das entrevistas e relatos dos personagens, como no livro, mas também mostra os flashbacks do que aconteceu nos anos em que a banda ainda existia. Porém, o roteiro sofreu alterações em relação à referência escrita. A principal delas é o corte de um dos integrantes da banda. No livro, o sexto membro é Pete Loving irmão de Eddie, que na série leva o sobrenome Roundtree , substituindo um antigo guitarrista, que morreu na Guerra do Vietnã; mas Pete não chega a ser mencionado na produção. Na série, o nome The Six se mantém, e para justificá-lo, os produtores afirmam que Camila é a integrante honorária da banda, uma vez que está junto desde a formação, e acompanhou o marido desde os primeiros ensaios e shows.     

Algumas outras mudanças ocorreram, mas não foi necessário realizar outras grandes alterações no roteiro. Neste caso, também houve a suavização na forma em que as drogas foram introduzidas na série, que tem classificação indicativa para maiores de 16 anos. O livro, em contrapartida, expõe explicitamente o uso de diversas substâncias ilícitas pelos personagens, reforçando a ideia de “sexo, drogas e rock and roll” da época. Isso permite uma nova audiência, um público mais jovem entra em cena para acompanhar a série. Will Graham, que dirigiu um dos episódios, também se opôs à ideia de a série buscar apenas o público feminino: “Esta é uma história sobre pessoas que vivem com paixão”, disse em entrevista à Forbes. “Sou não binário e acho que parte do que me atraiu no livro e no que Taylor fala é que Daisy e Billy realmente contrariam todas as nossas contrariam todas as nossas expectativas do que homens e mulheres pareciam naquela época.”, complementou.          

A produção visual permite a adição de elementos à obra que retratam a identidade visual dos anos 70. Os figurinos dos personagens, a fotografia e a trilha sonora permitem que o público seja transportado à badalada Los Angeles de décadas anteriores, sem tirar os olhos da tela. As músicas inéditas, e tão aguardadas pelos fãs, são baseadas nas letras escritas pela autora do livro, que estão no final da obra original e foram produzidas exclusivamente para a série. Compostas por Blake Mills, alguns artistas famosos colaboraram na produção do álbum “Aurora” que fez grande sucesso no Spotify, com pouco mais de 3 milhões de ouvintes mensais.            

De acordo com a própria autora, todo o processo de compra dos direitos de adaptação aconteceu muito rápido em relação a outros projetos. Mas nem todos os livros são traduzidos para a linguagem cinematográfica. Para Brad Mendelsohn, produtor-executivo da série, o que o trabalho de Reid tem de diferente, é que ela cria personagens incríveis e os coloca em situações que todos nós já vivemos ou gostaríamos de viver, independente do período na história. “No fim das contas, ela tem uma visão da condição humana que considero extremamente atraente”, continuou, em entrevista concedida ao site Collider.

A expectativa ao redor de adaptações é muito alta por parte dos fãs. Por esse motivo, a autora reforça a importância de se manter fiel ao material de referência, e entender como fazer a adaptação do roteiro, além de adicionar elementos e expandir a história, que está sendo contada pela segunda vez ao público.             

Autora de romances conhecidos por fazerem sucesso nas redes sociais, Taylor Jenkins Reid terá pelo menos outros dois trabalhos saindo do papel. Até o momento, além de Daisy Jones & The Six, Os sete maridos de Evelyn Hugo (2017) e Amore(s) Verdadeiro(s) (2016) também tiveram seus direitos de adaptação comprados, já estão em produção e devem estrear na TV e no cinema nos próximos anos.

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