Da comunidade para o mundo, Ballet Paraisópolis

A escola e companhia de dança realizou sua primeira visita monitorada do ano.
por
Camila Bucoff
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23/04/2024 - 12h

No dia 12 de abril, a academia abriu as portas para que os visitantes pudessem conhecer o espaço e a história do Ballet. A experiência, guiada por Monica Tarragó, diretora e fundadora da instituição, também contou com uma apresentação da recém-formada companhia e uma roda de conversa com os bailarinos. 

A sede de três andares, localizada em Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo, é berço de grande potencial artístico. Com várias paredes pintadas por artistas famosos, como Kobra e Mena, e mais de 200 bailarinos uniformizados, a escola se tornou um ponto de arte, cor e cultura na região. 

Figurinos expostos no segundo andar. Foto: Isabella Ogassavara/Arquivo pessoal
Figurinos expostos no segundo andar. Foto: Isabella Ogassavara/ Arquivo pessoal
Paraisópolis vista do terceiro andar. Foto: Isabella Ogassavara /Arquivo pessoal
Paraisópolis vista do terceiro andar. Foto: Isabella Ogassavara/ Arquivo pessoal

A formação dos bailarinos é totalmente gratuita e aberta para o público, porém, como o limite de vagas já foi excedido, existe uma lista de espera que conta com mais de 2000 jovens interessados. Sábado 6/4, 70 novas crianças ingressaram na academia. Sob essa ótica de inclusão, existe um comprometimento da atual diretora em tornar o espaço acessível em todos os sentidos: os três andares possuem mapas táteis para os alunos portadores de deficiência visual e o próximo passo será a instalação de elevadores.

A formação básica é de 10 anos e consiste em 3 aulas por semana, com 60 minutos diários, que exploram as mais variadas expressões artísticas, desde o ballet clássico, contemporâneo, até a história da dança. Para as crianças mais dedicadas, há uma pequena turma de 15 estudantes entre 8/10 anos, chamada de “infantil”, que é ainda mais intensiva e preparatória para a carreira na arte. Durante a visita, a fundadora revelou que o Ballet busca, ao máximo, dar as condições necessárias aos alunos para que eles, com força de vontade e persistência, tornem o desejo de dançar uma realidade.

Por ser uma instituição sem fins lucrativos, o Ballet Paraisópolis é patrocinado por algumas empresas privadas e financiado por projetos de incentivo governamental, além de doações. Contudo, todos os funcionários são remunerados, assim como os bailarinos da companhia, que embora tenha sido fundada em 2022, só foi oficializada no mês passado, representando um passo importante para a profissionalização e reconhecimento dos artistas. As obras "Grand Pas de Deux de Don Quixote", montado por Weverton Aguiar, e "Véspera", por Christian Casarin, marcaram o lançamento. 

Além disso, os 18 integrantes da cia recebem bolsa para formação no ensino superior, direcionamento nutricional e assistência fisioterapêutica. Logo, o cuidado com o bailarino vai desde o início de sua formação até sua atuação profissional. Entre os dançarinos presentes durante a visita, oito já eram da escola, enquanto os sete, que vieram de fora, tiveram que passar por uma audição antes de serem contratados.

Visitantes e companhia após apresentação e roda de conversa. Foto: Reprodução/Instagram/@balletdeparaisópolis
Visitantes e companhia após apresentação e roda de conversa. Foto: Reprodução/Instagram/@balletparaisopolis

Por fim, a organização interna da academia incentiva um senso de comunidade entre os estudantes. A limpeza das áreas de convivência e dos banheiros é de responsabilidade da companhia, que influencia os mais novos a seguirem seu exemplo. Outro hábito dos bailarinos é oferecer auxílio aos professores, mantendo a sala organizada durante as aulas, e à coordenação, colaborando com ideias de marketing, sugestões e levantando demandas dos dançarinos. 

Para além da beleza da sede, ela traz visibilidade à região, oportunidade de acesso à cultura e à arte, e com isso, um desenvolvimento social significativo. Nesse sentido, a sensação de coletividade extrapola a infraestrutura do Ballet e contamina Paraisópolis. Em junho de 2021, a instituição recebeu o título de “Ponto de Cultura do Ministério da Cidadania”, e em outubro, o “Selo Municipal de Direitos Humanos e Diversidade”.

Ainda sem previsão da próxima visita, é indicado acompanhar as páginas do Ballet nas redes sociais para outras oportunidades. 


 

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