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Por Victoria Toral
Quando uma pessoa é questionada referente a como anda a vida, a grande maioria relata que está cada vez mais sem tempo. A perda das horas no dia a dia está se tornando algo muito comum entre seres humanos. Vivemos em uma correria insana, que nem tempo para respirar fundo estamos tendo. Trabalho, faculdade, pós-graduação, filhos, amigos, inglês, espanhol e um tempinho para o lazer, que para tentarmos dar conta de tudo deslizamos em outras funções, como no caso da alimentação. Estamos todos os dias correndo de um lado para o outro, falando que sempre não temos tempo para fazer uma comida. Que com isso, e a modernidade nos dias atuais, preparar sua própria refeição virou coisa do passado.
Em um só clique as pessoas conseguem, por meio de um aplicativo, pedir uma comida, sem precisar ter “gasto” tempo com esse tipo de coisa que a vida exige. Mas, o que não estão percebendo é que essa nova mania cultural não é prejudicial apenas no quesito alimentar. Fazer pedidos de comida por delivery a maior parte da semana afeta também a rotina da pessoa. Não se alimentar de forma saudável gera no indivíduo uma baixa disposição de energia, e provoca impactos nas outras ações do seu cotidiano.
Mas o que seria de nós sem um aplicativo para escolher uma comida, a cada dia, com variedade de cozinha e com a praticidade de chegar em sua casa, sem você precisar sair do sofá? Como iríamos nos alimentar sem a função delivery em nosso cotidiano? Você já parou para pensar que quando isso não existia as pessoas, que tinham as mesmas atividades que você e que também tinham uma vida acelerada, com trabalhos, filhos, estudos e momentos para o lazer, precisavam separar um tempo para preparar suas próprias comidas?
Com esse modo de vida, as pessoas estão, nos tempos atuais, apenas adiando a satisfação a longo prazo, para poderem saciar o momentâneo. E com isso, desenvolvendo novos vícios culturais, como relatado pela Biomédica, Renata Sartori, que contou que, no passado, tinha o costume de sempre pedir delivery, seja no almoço, ou na janta, por conta de sua rotina agitada, impactada pela grande quantidade de viagens, que realizava para a empresa, em que trabalhava. Renata falou, ainda, que percebeu esse vício na sua rotina, quando essa ação, de entrar no aplicativo e pedir a comida, deixou de ser feita apenas nos momentos em que estava trabalhando, “ Mesmo quando estava em São Paulo, em casa, era muito prático, nos momentos em que estava cansada, ou quando não queria cozinhar, ou, ainda, quando não tinha algo em casa, era mais fácil pedir, eu pedia no almoço, na janta, durante a semana e no final de semana.”.
Essa realidade não é algo incomum na vida dos jovens de hoje, para darem conta de todas as funções, eles vêem cada vez mais abrindo mão da boa qualidade de vida e desenvolvendo assim problemas que impactam de forma negativa seu cotidiano.
Renata contou, também, que com esse hábito começou a perceber mudanças tanto em seu corpo, como em sua disposição na hora de fazer as coisas, “Porque além de eu pedir delivery, eu pedia muita massa, fritura, hambúrguer, comidas pesadas. Com isso comecei a engordar, não pela quantidade que comia, mas pela falta de qualidade e com muita frequência. E, também, a atividade física que parei, por conta da pandemia, mais o trabalho excessivo. Então, comecei a ficar muito cansada, dormia mal, comecei a ter dor de estômago, azia, e o emocional sendo prejudicado ainda."
E por mais que essa mudança de estilo de vida possa parecer inatingível, a Renata, que hoje em dia, vem buscando alcançar uma melhora na forma que se alimenta, ressalta que muita das vezes, acabamos tendo esse tipo de ação, não por conta da falta de tempo, mas porque não sabemos administrar ele. Ela, ainda, dá um conselho para outros jovens viciados em aplicativos de delivery: "Hoje, eu percebo que a minha desorganização gera a minha falta de tempo, eu sei que é difícil a rotina que temos, mas dá para se organizar e fazer. Há comidas práticas que podem ser feitas, momentos para tirar e fazer suas comidas. Pense mais em si mesmo, a gente pode achar que isso é prático, mas no futuro não será.”
A praticidade, por mais que possa parecer algo bom no momento, analisando o futuro, pode ser um fator negativo, para a evolução e crescimento desses jovens viciados em delivery, no quesito de ter uma vida mais saudável na velhice. A Renata, por exemplo, com a busca em adaptar a sua rotina a ter momentos para cozinhar, além de ter relembrado do gosto e prazer que tem de cortar, descascar, temperar e fazer sua própria comida, também já vê nessa ação uma forma de descansar dos problemas que precisa resolver no dia a dia. E você? Vai permanecer clicando na escolha da comida da vez, ou vai buscar adaptar sua rotina e ajustar seu tempo para ter mais prazer na hora da alimentação? O que era escolher, qualidade ou praticidade?