Copom em reunião com indicados por Lula, tem expectativa de corte na Selic

Diretoria do Banco Central deve decidir por queda de 0,25 a 0,5% na taxa básica de juros
por
Isabela Mendes Dos Santos
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01/08/2023 - 12h

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) inicia nesta terça-feira, 1º, a reunião que deve marcar o primeiro corte na taxa básica de juros (Selic) em mais de três anos. Será a primeira vez que Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à diretoria do BC, participarão da decisão junto ao órgão. 

Desde que assumiu a presidência da República, em janeiro deste ano, Lula tem pressionado pela queda na taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano, e feito críticas diretas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o cargo. O mandatário chegou a se referir a ele
como “esse cidadão” e a chamá-lo de “capacho do sistema financeiro” e “tinhoso”.

Em fevereiro de 2021, o Congresso Nacional aprovou a independência do órgão, que definiu os mandatos do presidente e dos diretores do Banco Central com vigência não coincidente com o do presidente da República, desvinculando-o do alinhamento às políticas do governo sob o argumento de evitar interferência e garantir autonomia ao BC para tomar decisões mais “técnicas”. A medida agradou, sobretudo, ao mercado financeiro.

Galípolo, ex-secretário Executivo do Ministério da Fazenda, e Aquino, servidor de carreira do Banco Central, assumiram oficialmente no mês passado as cadeiras como diretor de Política Monetária e diretor de Fiscalização do BC, respectivamente, após terem sido indicados por Lula na tentativa de destravar o início de um ciclo de cortes na Selic, que está no maior patamar desde 2016, quando atingiu 14% ao ano. 

A elevação na taxa de juros se mostrou viável dentro do contexto da pandemia da covid-19, em que foi necessário conter a inflação, ou seja, equilibrar a oferta e a demanda, devido ao cenário de incertezas em nível nacional e internacional. 

No contexto atual de quedas consecutivas nas últimas projeções da inflação feitas pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para o ano de 2023 e 2024, a expectativa é de que o Copom decida por uma queda de 0,25 a 0,5% no índice. O veredicto deve ser dado amanhã (2), já que a reunião tem duração de dois dias.