O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), decidiu na última quarta-feira (03) pela manutenção da taxa de juros Selic em 13,75%. O indicador ocupa o mesmo patamar desde agosto de 2022 e é o maior desde 2016, quando a taxa chegou a 14,25% ao ano.
Mesmo com a pressão do Governo, O Copom considerou que o mercado ainda não apresenta a estabilidade necessária para a redução da taxa e que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, mesmo sendo um cenário menos provável.
O Comitê citou como alguns dos “fatores de risco” para o cenário inflacionário a queda adicional dos preços das commodities internacionais, a desaceleração da atividade econômica global acima do esperado e a “incerteza” sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional.
O Órgão alegou que a reoneração dos combustíveis, juntamente com a apresentação do novo plano de gastos, contribuíram para a redução da incerteza sobre o desenvolvimento econômico do país, mas “enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”.
A economista, Cristina Helena Pinto, acredita que a manutenção da Selic se deu pelo equilíbrio entre as pressões para redução e elevação da taxa.
“Quando olhamos as projeções de mercado, houve uma elevação na projeção e expectativas de inflação sugerindo fecharmos o ano em 6,04%. A meta definida para este ano é de 3,25% e o limite é de 4,75%. Portanto, a projeção indica que ficaremos acima da meta. Isso sugere a necessidade de elevação da taxa”, por outro lado, Pinto ressalta a forte pressão do governo para a redução da taxa de juros.
O presidente Lula vem criticando a taxa desde o início do mandato, segundo o chefe de estado, a manutenção da taxa inibe o crescimento da economia. Em evento com centrais sindicais em celebração ao Dia do Trabalho (1º), o mandatário associou o nível da Selic ao desemprego e disse que a taxa de juros é parcialmente "responsável" pela situação do país.
"A gente não poder viver mais em um país onde a taxa de juros não controla a inflação, ela controla, na verdade, o desemprego nesse país porque ela é responsável por uma parte da situação que nós vivemos hoje", declarou.
Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, no último dia 25, que não tem a “capacidade” de dizer quando a taxa de juros vai cair, mas “as coisas têm caminhado no caminho certo”.