Na cobertura da disputa à prefeitura de Porto Alegre, a AGEMT fará reportagens com perfis dos principais candidatos na capital do Rio Grande do Sul. Como critério, foram considerados os nomes que marcaram acima de 10% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Após os primeiros debates entre os candidatos à prefeitura da capital riograndense, ficou evidente que a enchente ocorrida devido às fortes chuvas entre abril e maio irão pautar a disputa.
Sebastião Melo, Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
Sebastião Melo, atual prefeito de Porto Alegre pelo MDB, busca a reeleição sob o discurso de que "não há culpados" para as falhas no sistema de drenagem da cidade. Melo enfrentou críticas pela má gestão das enchentes que devastaram a capital, quando o transbordamento do Guaíba resultou na morte de dezenas de pessoas. Ele argumenta que a manutenção do sistema exigia recursos federais, e que a cidade, sozinha, não teria capacidade de realizar os investimentos necessários.
Melo é uma figura conhecida na política local. Vereador por três mandatos (2001-2012) e vice-prefeito entre 2013 e 2016, ele também foi deputado estadual (2018-2020) antes de vencer as eleições municipais de 2020, derrotando Manuela d'Ávila. Durante seu governo, Melo buscou parcerias público-privadas e investimentos externos para impulsionar a economia local, mas enfrentou oposição por suas políticas de flexibilização das restrições da COVID-19, aumento das tarifas de transporte público e cortes de árvores em áreas sensíveis.
Agora, em sua campanha pela reeleição, Melo conta com o apoio de figuras da direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que se reflete na escolha de sua vice, a tenente-coronel Betina Worm, do PL. Betina, médica veterinária e militar da ativa, foi selecionada para atrair o eleitorado conservador, reforçando o foco em segurança pública e ordem. No entanto, a responsabilidade pelas recentes tragédias causadas pelas cheias recai sobre o prefeito, que se encontra no centro das discussões sobre a falha na prevenção e no gerenciamento das enchentes, o que pode impactar significativamente sua campanha.
Maria do Rosário, Partido dos Trabalhadores
A principal candidata de oposição em Porto Alegre é Maria do Rosário, do PT. Natural da cidade, ela é amplamente reconhecida por seu trabalho como deputada federal e por suas intensas disputas com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Um episódio notório ocorreu quando Bolsonaro fez comentários ofensivos sobre sua aparência, alegando que ela não merecia ser estuprada. Embora Maria tenha processado o ex-presidente por injúria, o caso foi arquivado em 2023, após a perda de seu foro privilegiado.
Maria do Rosário tem um sólido histórico no Congresso, com foco em direitos humanos, justiça social e políticas para proteger mulheres e crianças. Ela atuou como ministra da Secretaria de Direitos Humanos e conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu Bolsonaro em Porto Alegre em 2022, com 54% dos votos. No entanto, Lula tem enfrentado críticas do prefeito Sebastião Melo e do governador Eduardo Leite, que alegam lentidão na liberação de verbas federais para socorro às vítimas das chuvas. Maria do Rosário se comprometeu a trabalhar em parceria com o governo federal, ressaltando a necessidade de união e liderança para ajudar os mais vulneráveis.
Tamyres Filgueira, do PSOL, é a vice na chapa de Rosário, que faz parte da frente ampla denominada #UnidadePorPoa, composta por seis partidos: PT, PSOL, PCdoB, PV, Rede e Avante. Ex-cobradora da Carris, Tamyres defende a Tarifa Zero e critica a gestão atual por seu impacto negativo nas comunidades mais carentes da cidade.
Juliana Brizola, Partido Democrático Trabalhista (PDT)
Juliana Brizola, que também é natural da cidade, concorre à prefeitura pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Ela é conhecida por sua atuação na política estadual do Rio Grande do Sul e por seu envolvimento em questões sociais e educacionais.
Brizola é formada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tem uma especialização em Administração e Planejamento pela mesma instituição. Foi eleita deputada federal nas eleições de 2014 e 2018. Também atuou como deputada estadual, quando trabalhou em questões locais e regionais. Neta de Leonel Brizola, um importante político brasileiro conhecido por sua atuação como governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, além de ter sido candidato presidencial. Autora de importantes projetos na Assembleia Legislativa, como a Lei da Escola de Tempo Integral, que sugere a universalização dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP ou Brizolões, marca da gestão de seu avô Leonel Brizola (PDT) no Rio de Janeiro) e a Emenda Constitucional que garante a oferta da língua espanhola nas escolas públicas do RS.
O candidato a vice da chapa é o deputado estadual Dr. Thiago Duarte, do União Brasil que chegou a lançar sua pré-candidatura à prefeitura, mas o partido costurou um acordo com o PDT deixando o protagonismo da chapa para Juliana. Médico, formado pela UFRGS, atuou como perito médico legista. Foi vereador da cidade e atualmente deputado estadual, com destaque para sua atuação na área da saúde pública. Um dos principais motes de campanha é sua experiência acadêmica de Juliana Brizola com Ciências Criminais, que seria essencial para combater a violência na cidade.