Vendo no jornalismo um potencial de transformação, e um pilar importante da democracia, a jornalista Gabriela Mayer concedeu uma rica entrevista para os alunos de jornalismo da PUC-SP e contou detalhes preciosos de sua trajetória na área.
Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Globalização e Cultura pela FESPSP, quando perguntado qual a sua motivação para escolher a área, a mesma faz uma leve brincadeira e diz, “A minha motivação foi preencher a ficha que eu tinha entregar na Fuvest”, após o comentário descontraído, Mayer conta que tinha dúvidas sobre o curso, mas acrescenta “Eu encontrei muito sentido no jornalismo, em cada uma das histórias que eu contei. O jornalismo é um pilar importantíssimo para a democracia. E eu encontrei muito sentido no jornalismo cada vez que eu tinha oportunidade de exercê-lo.”
Gabriela atua na televisão, e também como jornalista de rádio. Segundo ela, trabalhar na rádio é apaixonante, mas comenta sobre seu amor pela história contada por imagens, como no telejornalismo. “O rádio tem uma potência e agilidade encantadores, por outro lado, sempre fui uma pessoa muito apegada a imagens. A construção e histórias por imagens sempre foi muito importante pra mim”, desabafa a jornalista.
Gabriela conta que teve que aprender muito no começo de sua jornada com a rádio, “A TV é muito mais roteirizada, no sentindo de ter um script. No rádio é muito mais freestyle. Você precisa ter uma capacidade de improvisação muito grande, e no começo eu não tinha. Eu ficava muito angustiada com o erro. Mas no rádio você pode assumi-lo com muito mais naturalidade”, relata Mayer. Atualmente a mesma voltou para a televisão, e apresenta no jornal Band News às 17 horas. ““No rádio é tudo mais rápido, acontece uma coisa agora, você tem a possibilidade de colocar alguém no telefone de onde aconteceu isso e pessoa te passa as informações. Na televisão já é mais difícil fazer isso, pois as imagens são necessárias. Eu sinto que voltei melhor para a TV, principalmente por causa dessa capacidade de improviso”.
Apresentadora e repórter especial da Band News FM, a jornalista também apresenta o podcast ‘Elas com Elas’, é sócia-fundadora da Rádio Guarda-chuva, e apresentadora do podcast literário ‘Põe na Estante’, nesta mesma rádio. Este último é um projeto literário que realiza um clube do livro em formato de podcast, da qual ela tem muito orgulho. Mayer faz os dois podcasts de forma independente.
Falando sobre suas reportagens, Gabriela conta que a cobertura realizada em Brumadinho, Minas Gerais, foi a mais importante de sua carreira. Ela esteve lá quando a barragem se rompeu e ficou por 10 dias, voltando 6 meses depois pra produzir o documentário que foi finalista do prêmio Vladmir Herzog. Mayer conta o quão emocionante foi realizar a reportagem, e diz que não foi nada tranquilo ter visto todos aqueles corpos saindo da lama, e também muito desafiador. “Não é tranquilo lidar com barulho...com o silencio da morte, não é tranquilo lidar com o cheiro de decomposição. E não é tranquilo voltar lá 6 meses e ver que famílias ainda não encontraram seus entes queridos.” Ela acompanha o caso até hoje.
Sua trajetória é extensa. Começou como estagiária da TV Gazeta em 2008, subiu de cargo na mesma emissora como News Producer até 2011, e passou pela Record News, Tv Cultura, e Band News FM, estando atualmente nessa última.
A exposição de uma repórter na televisão pode ser assustadora, e muitos jornalistas acabam não lidando muito bem com isso, esse é o caso de Gabriela, que comenta um pouco sobre a exposição, “Eu lido mal, eu sou muito suscetível a comentários e não consigo não me importar. Não acho tranquilo de lidar, tem dias que eu estou mais vulnerável e eu evito ler mensagens”, ela também não deixa de comentar como o fato de ser mulher influência em certos comentários, e continua, “É muito difícil quando as pessoas duvidam do que você está falando, e duvidam da sua informação. Tem gente que não está interessada no diálogo, e só quer rebater aquilo que você está falando. O momento que a gente vive é muito desafiador, falta uma educação para consumir informação. Parece que a notícia e o post do Facebook têm o mesmo peso” finaliza a jornalista.
Apesar dos desafios, Gabriela é um exemplo para todos os estudantes e futuros jornalistas, e agregou muito contando sua trajetória com um humor leve e descontraído.