Comunidade LGBT+ conquista espaço no vôlei

Tifanny Pereira, primeira mulher transexual a disputar uma partida do campeonato da Superliga, é um dos destaques no esporte
por
Júlia Polito
Luiza Zequim
|
13/06/2024 - 12h

"Com preconceito não tem jogo”, diz a campanha realizada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) em apoio à causa LGBTQ+, procurando combater as diversas formas de discriminação no voleibol. As ações foram realizadas nos jogos femininos da Liga das Nações, e em vídeos publicados nas redes sociais oficiais, tendo início no dia 17 de maio, considerado Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia, e se estendendo até o final da semana seguinte. 

As atletas Nyeme e Natinha, jogadoras da posição de líbero, entraram na quadra do Maracanãzinho com camisetas comemorativas que traziam bandeiras diversas da luta LGBTQIAPN+. Além delas, outra importante figura do vôlei brasileiro também participou da campanha: a antiga oposta Sheilla Castro, bicampeã olímpica, entrou ao lado da capitã Gabi, levando o ginásio carioca à loucura.  

 

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Apresentação do jogo em que Tifanny quebrou o recorde de maior pontos na Superliga em 2017 (Foto/Reprodução: Globo Esporte)

 

O voleibol, um dos esportes mais populares do mundo, tem mostrado avanços significativos em termos de inclusão e representatividade dessa comunidade. No cenário global e nacional, atletas, técnicos e torcedores têm se unido para promover um ambiente mais acolhedor e seguro para todos, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero.

Tifanny Pereira é uma das maiores celebridades do vôlei atual. Nascida em Goiás, a estrela quebrou todas as barreiras e se tornou a primeira mulher transexual a disputar uma partida do campeonato da Superliga de Vôlei.

Tifanny começou na carreira profissionalmente em Portugal, jogando nos times da categoria masculina. Após sua cirurgia de transição de gênero e debates e atualizações nas regras, ela voltou a competir, agora na categoria feminina, em 2017, se tornando a primeira mulher trans da divisão.  A conquista da atleta abriu portas para diversas outras personalidades, além de mostrar uma nova face mais inclusiva do esporte.

 

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Apresentação do jogo em que Tifanny quebrou o recorde de maior pontos na Superliga em 2017 (Foto/Reprodução: Globo Esporte)

 

Mesmo após tantos anos como atleta e vitórias em campeonatos no bolso, Tifanny contou ao site SportBuzz como lida com as constantes críticas e invalidações que continua recebendo: “Transfobia é crime no Brasil e é equiparado a crime de racismo. A pessoa pode ser contra eu jogar, mas ela não tem o direito de me difamar, de me chamar de ‘homem’ e não tem o direito de me rebaixar como pessoa. E o que eu faço? Eu evito ver os comentários. Não vai adiantar bater boca com uma máquina, porque quem está por trás dessa máquina é uma pessoa sem coração e sem visibilidade, que em muitas vezes estão querendo atenção”.  A jogadora, aos 39 anos, segue atuando no ramo e sendo uma inspiração diária de superação e conquista da comunidade LGBTQIAPN+ nos esportes. 

Representatividade e identificação

Em entrevista realizada à Agência Maurício-Tragtenberg (AGEMT), uma jogadora de vôlei do clube Ipiranga, pertencente ao grupo LGTBQIAPN+, que preferiu não ser identificada, compartilhou sobre sua experiência individual sendo pansexual no ramo esportivo, e abordou diversos aspectos. “Comigo nunca ocorreu, mas confesso que tive medo de me expor, por medo de julgamento, além de que, o time é todo feminino, então achei que iriam olhar torto, mas nada disso aconteceu.” 

A atleta comenta sobre crescer no ramo vendo outros competidores como imagem a seguir: “Tem diversas atletas, não só dentro do vôlei mas dentro de outros esportes, que eu tenho assim como imagem e respeito, tenho muito apreço pela Carolana da seleção, pela Kisy, a Amanda (namorada da Kisy) que joga pelo Osasco. E outras atletas que são assumidamente LGBT e estão na luta pelas pautas.”. Ela também conta que a admiração pelas jogadoras vai além das quadras, impactando no seu cotidiano e na visibilidade direta do esporte.