Na quinta-feira (27/03), a jornalista investigativa Andrea Dip foi recebida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para compartilhar com os alunos sobre o enfrentamento da extrema direita na atualidade. Com mais de 20 anos no ramo, iniciou sua trajetória pela revista “Caros Amigos”, onde exercia o jornalismo de direitos humanos sempre olhando mais para violência de gênero. A partir disso, começou a investigar a bancada evangélica no Congresso já que são os principais representantes contra os direitos de gênero.
Ao se aprofundar na investigação de como funcionava a articulação da extrema direita no Brasil, Dip começa a ver que, na verdade, há uma junção de evangélicos e católicos seguidores da Opus Dei que comparecem juntos com ministros, senadores e presidentes a congressos mundiais para articular políticas públicas e narrativas para a ideologia de gênero que são firmadas nesses encontros. Para entender melhor como funcionam as discussões desses grupos, a redatora decide então participar dessas reuniões e ressalta, “eu, como jornalista, sentia falta de alguém que pudesse se infiltrar ali”. Para entrar nesses congressos, ela se disfarça cobrindo as tatuagens, mudando o cabelo e as vestimentas.

O principal congresso que a marcou foi o NATICON que aconteceu em Bruxelas, no ano passado. Para conseguir entrar, Andrea conta que tentou se passar por pesquisadora pois existe uma desconfiança de toda a extrema direita com a imprensa. Após muitos e-mails para palestrantes, ela conseguiu o convite e notou que durante a reunião era muito evidente que a principal pauta eram os imigrantes. A entrevistada cita: “teve um padre católico alemão que falou que os imigrantes estavam enfeando a Europa”, além fazer grande defesa de Israel.
Durante todo o tempo nesses eventos, a jornalista busca ficar quieta para que possa colher o máximo de informação possível e procura inflar o ego dos extremistas em entrevistas para que falem seus planos e ideias com mais facilidade, como fez com Silas Malafaia e Marcos Feliciano.
Dip também observa que em meio aos congressos internacionais da ultra direita, o deputado Nickolas Ferreira vem em uma crescente como representante da juventude ultra conservadora mundial, o que pode trazer certa preocupação ao Brasil, já que existe um aumento de adolescentes defendendo a extrema direita, que sabe muito bem utilizar da internet em benefício próprio, trazendo ideias que parecem fáceis sem influenciar as pessoas a refletirem mais a fundo sobre o que é abordado.