Comércio se reinventa para sobreviver à crise do coronavírus

Empreendedoras fazem do período de pandemia uma oportunidade para o crescimento de suas vendas
por
Julia Silva Tavares e Rafaela Guazzelli Dionello
|
05/07/2021 - 12h

       A pandemia da COVID-19 forçou as pessoas a ficarem em casa, e profissionais e estudantes se viram forçados a migrar para o home office, trabalhando e estudando de casa, e com isso a procura por computadores aumentou consideravelmente.  Lucy Godoy de 35 anos, da Supristore, afirma que as vendas na loja tiveram um aumento enorme durante os primeiros meses da pandemia lá em 2020, “agora todo mundo precisa de uma webcam e um computador por causa disso”. 
         Mas nem após tanto tempo assim na pandemia o movimento da loja caiu, computadores e materiais para home office ainda são muito procurados ela conta, lembrando que outro crescimento súbito que surgiu no mercado de tecnologia foram os games online. Segundo um estudo da Visa, o mercado de games cresceu 140% no Brasil, enquanto transações feitas em plataformas e consoles mais que duplicaram no ano passado. Para a Supristore não foi diferente essa alta procura, que chega a vender vários pc gamers na semana.
        O vírus também reformulou a área de doces, onde trabalha Janine Vendramini (50). Mesmo com sua saúde mental abalada, ela não imaginou "que conquistaria tanta coisa com um hobby". Mesmo enfrentando uma pandemia a doceira tem visto o número de pedidos aumentar mais a cada dia.
        Antes da pandemia, a confeiteira costumava fazer bolos enormes, de vários andares, com docinhos e kit de festa para várias pessoas. Mas 2020 chegou e ela teve de se adaptar. Os bolos de 8 quilos saíram de cena e deram espaço para bolos caseiros do cotidiano, pelo seu tamanho foram apelidados de “piscininha”.
        Janine apesar de ser uma ótima confeiteira teve de se reinventar e rápido. A correria e as ideias mirabolantes recompensaram, 2020 foi o ano em que ela mais vendeu, isso porque soube se adequar às necessidades dos clientes. Além dos bolos piscininha de fim de semana, as datas comemorativas tiveram seus produtos especiais, o que garantiu uma boa venda.
         Antes da Páscoa, por exemplo, ela criou um kit degustação para que os clientes pudessem conhecer seus produtos, encomendando ovos para a Páscoa, que fez com que os presenteados pedissem mais doces depois do feriado cristão. No Dia das Mães foi a vez da cesta de café da manhã, e no Dia dos Namorados a cesta do happy hour que continha salgado, doce, presentes e bebidas alcoólicas. Foi assim, atendendo a necessidade de seus clientes que Janine não só superou a crise que a pandemia trouxe como fez dela uma ótima oportunidade para crescer.

ovo de pascoa @janinevendramini
@janinevendramini


        É claro que houve decisões difíceis, como no começo da pandemia em que a empreendedora passou por uma crise psicológica, ou então no final de 2020 quando ela teve de pausar seus planos para se curar da covid que havia contraído. Mas esses pequenos contratempos nunca a impediram de continuar tocando seu negócio, sozinha, sempre fazendo diversos cursos, desde confeitaria até marketing digital.
         Além dos produtos se adequarem à demanda durante a pandemia, os serviços também tiveram de se reinventar, Janine dava aulas presenciais de confeitaria que durante a pandemia passaram a ser por lives e em breve lançará um curso totalmente digital.

     Já Catherine Pedullo, de 16 anos, dona da loja OUTFIT 4 YOU no Instagram, que abriu a loja em setembro de 2019, conta que a ideia de abrir uma loja lá foi por conta de sempre ser apaixonada por esse universo da moda e um dia conversando com sua mãe, que já teve uma linha confecção de roupas, se deu conta de que muitas vezes não achava o que queria vestir nas lojas. 
     Com a pandemia, Pedullo afirma ter tido um lado benéfico para ela por ter mais tempo para focar na loja e aprender diversos temas de marketing, administração e contabilidade e fazer a loja crescer mais. Apesar disso, no sentido econômico fica perceptível o quanto a pandemia influenciou em alguns momentos onde as vendas foram menores.

imagem do pacote
acervo pessoal - Rafaela G. Dionello


       Outro problema é que um setor que foi atingido em cheio no começo das infecções pelo coronavírus foi o têxtil, com a falta de matéria-prima e insumos em 2020. Já em 2021, Pedullo ainda enfrenta dificuldades nessa questão e diz ser muito difícil conseguir reposição das peças por causa dessa crise na indústria têxtil. Por conta disso, o estoque acaba ficando muito limitado e para tentar contornar a situação afirma tentar pegar o máximo de peças possíveis enquanto estiverem disponíveis ou ir em busca de um material o mais próximo possível do anterior para a reposição da peça.
       Em um momento onde as pessoas acabam ficando mais reclusas em suas casas por conta da pandemia, Pedullo conta que um jeito que ela encontrou para engajar cliente foram os lançamentos semanais ou quinzenais que ela faz na loja como uma maneira de criar um laço de confiança. 

Tags: