Clima extremo castigou Ásia em 2023

Tempestades, derretimento dos glaciares, subida do nível do mar e ondas de calor escaldantes causam sofrimento à população do continente asiático
por
Guilherme Lima Alavase
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07/05/2024 - 12h

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas especializada em clima, divulgou, em abril, o relatório “Estado do Clima na Ásia 2023”.

O Órgão destacou, em comunicado à imprensa, o ritmo acelerado de alterações nos principais indicadores observados, como: aumento da temperatura no continente, derretimento e recuo dos glaciares, aquecimento da água do mar e a subida de seu nível.

As alterações nestes dados reforçam a gravidade das mudanças climáticas no continente.

O relatório aponta que a tendência de aquecimento global se intensificou e que, no longo prazo, as consequências do desequilíbrio da natureza serão cada vez mais intensas.

O aumento desenfreado de emissão de gases do efeito estufa, ocorrido desde a Revolução Industrial, com o uso intensivo de combustíveis fósseis para movimentar os motores e máquinas, a utilização de técnicas arcaicas na agricultura e pecuária, como a queimada de florestas para semear capim e possibilitar a criação de gado em larga escala ou a monocultura, e o uso intensivo de agrotóxicos em áreas extensas tem causado uma desordem severa na natureza ao longo dos anos.

Mapa do continente asiático – Fonte: mapamundipolitico.com
Mapa do continente asiático – Fonte: mapamundipolitico.com

 

A Ásia, continente com a maior extensão terrestre, que se estende até o Ártico, é a região do mundo em que o aquecimento é superior à média global e mais propensa a desastres naturais, sendo os perigos relacionados à água a principal ameaça. 

As tempestades e inundações são os maiores causadores de vítimas e perdas econômicas no continente. Em 2023, ocorreram 79 desastres associados às chuvas intensas com inundações na Ásia, afetando diretamente nove milhões de pessoas, com mais de 2000 vítimas fatais.  

O relatório destaca o aumento da temperatura da superfície dos oceanos, sendo que no continente os mares estão aquecendo três vezes mais rápido que a temperatura média global dos oceanos. O derretimento e recuo dos glaciares, com a consequente subida do nível do mar, ocasionam sérios problemas para as sociedades, economia e ecossistemas da região.   

Como a natureza não escolhe nem onde, nem quem ela atingirá mais severamente, os países, com limitada infraestrutura sofrem de forma desproporcional, com consequências mais duradouras. 

Como exemplo, o ciclone tropical Mocha, que, em maio de 2023 provocou 156 mortes em Mianmar e Bangladesh. A chuva torrencial, classificada como tempestade ciclônica extremamente severa, atingiu a costados países situados no golfo de Bengala, obrigando milhares de pessoas a abandonarem as suas casas.

 

Desabrigado da tempestade Mocha
Destruição causada por tempestade ciclônica em Mianmar – Foto: Sai Aung Main/AFP/JC

 

Além dos fenômenos climáticos associados à água, ocorre na Ásia aumento significativo da temperatura, com ondas de calor sufocantes que podem causar desidratação e insolação.

 

Termômetros registram temperaturas elevadas
As ondas de calor sufocantes do continente contribuem para o aumento de focos de incêndio nas florestas – Foto: VladisChern / Shutterstock.com

 

As ondas de calor são o mais letal dos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas. Em 2023, o Japão viveu o verão mais quente já registrado em sua história.

Na China, em muitas estações meteorológicas foram anotados recordes de temperaturas. Na Índia, as fortes ondas de calor levaram à morte 110 pessoas devido à insolação. 

Os trabalhadores que vivem expostos a condições extremamente quentes e úmidas, como os operários da construção civil ou quem trabalha em atividades ao ar livre, são os que correm maiores riscos de estresse térmico.

 

destruição das florestas com incêncio
Incêndio florestal  - Foto: Nicolas Economou/Reuters -

 

O relatório da OMM reforça a necessidade de que os serviços meteorológicos nacionais de toda a região produzam dados e os divulguem de forma sistematizada e em tempo hábil, para melhor alertar a população sobre os riscos eminentes de um evento climático na tentativa de reduzir danos.