Um dos mais esperados confrontos dessa temporada do futebol europeu aconteceu no sábado (31/03). O atual campeão da Premier League, Manchester City, enfrentou o atual vice-líder do campeonato, o Arsenal. A vitória do Liverpool sobre o Brighton, horas antes, colocou um peso ainda maior na partida. Caso os “Gunners” vencessem, voltariam ao primeiro lugar. Já se os “Citizens” ganhassem, ficariam mais próximos da conquista de mais uma taça.
Mas o duelo em que se tinham expectativas de gols e o triunfo e ascensão de alguma das equipes terminou em um decepcionante empate por 0 a 0. Foi um jogo de muitos cuidados e poucos riscos, planos táticos anulando virtudes dos rivais, muita prancheta e poucas ações individuais para quebrar o equilíbrio.
O primeiro tempo começou de maneira intensa, tanto que logo aos 6 minutos veio a primeira falta, cometida por Gabriel Jesus no atacante Bernardo Silva. O brasileiro foi, inclusive, responsável pelos dois melhores lances de perigo de gol na partida. No geral, o primeiro tempo foi praticamente da equipe comandada por Pep Guardiola, com time de Mikel Arteta somente se defendendo. O City teve mais de 70% da posse de bola, e colocou o Arsenal na defensiva, mas não conseguiu converter seu controle em finalizações perigosas. A oportunidade mais clara do time celeste foi em uma cabeçada de Nathan Aké, que David Raya salvou à queima-roupa.
No início do segundo tempo, duas chances de perigo para cada lado. Aos 46 minutos, Mateo Kovacic arriscou de fora da área e a bola assustou a meta de Raya. Cinco minutos depois foi a vez de Gabriel Jesus, mas o atacante chegou atrasado e por pouco não aproveitou o cruzamento de Bukayo Saka para marcar. Aos 83 veio o último grande lance do jogo, em uma cobrança de escanteio de Kevin de Bruyne, o zagueiro Josko Gvardiol tentou de cabeça, mas foi fraco na bola, na recuperação Erling Haaland tentou um rebote, mas errou o chute dentro da pequena área.
De modo geral, o Arsenal foi extremamente conservador em Manchester. Com Gabriel Martinelli fora de forma, a escolha de Gabriel Jesus em vez de Leandro Trossard parece ter sido mais benéfica para as capacidades defensivas do brasileiro. Ele e Saka recuaram muito perto da defesa de Raya, e a equipe formou um compacto 4-4-2, que defendeu particularmente bem o meio-campo. Exceto nos primeiros minutos do período final, o City raramente pressionou a bola. Há um ano, a equipe de Guardiola abriu vantagem por 4 a 1 através de passes longos para superar a pressão característica do Arsenal. Arteta decidiu ser mais cauteloso nesse aspecto, ao invés de apostar em um time que está melhor hoje do que há um ano.
Já o Manchester City, mesmo com 72% da posse de bola, jogando várias vezes no campo de ataque, não foi um time agressivo. Como cada passe foi cuidadosamente pensado para não desencadear um contra-ataque, parecia haver muita preocupação sobre o que aconteceria se a bola fosse perdida. A ideia inicial era ter Phil Foden, Kevin De Bruyne e Bernardo Silva no meio, com Gvardiol e Manuel Akanji abrindo o campo, mas os jogadores não conseguiram encontrar profundidade, e esbarravam na ótima proteção que o Arsenal fazia na frente de sua área.
Guardiola não contou com Kyle Walker e deixou John Stones, que está com problemas físicos, no banco, e também perdeu Aké por lesão muscular. Com esse cenário, ele recorreu a Rico Lewis e adiantou Kovacic. Ele até conseguiu levar mais perigo no primeiro tempo, deixando o Arsenal ainda mais na defensiva, mas raramente trouxe a sensação de que um gol estava iminente. No fim, foi uma partida que mostrou que até um jogão de Premier League no papel pode decepcionar na prática