O PDT aprovou em convenção nacional nesta quarta-feira (20), por unanimidade, a escolha de Ciro Gomes como candidato à Presidência da República. A oficialização foi realizada na sede nacional do partido, em Brasília, no primeiro dia do período para realização das convenções partidárias, conforme o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ciro Gomes tem 64 anos, é advogado, e professor universitário.
O pedetista vai disputar o Palácio do Planalto pela quarta vez. Embora não tenha chegado ao segundo turno nas últimas três tentativas (1998, 2002 e 2018), encara uma melhora perante a percepção pública, com pouco mais de 13,3 milhões de votos.
O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará está atualmente em terceiro lugar nas intenções de votos (8%), de acordo com o último levantamento do Datafolha, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Ciro diz que pretende fazer das eleições um “plebiscito de ideias”, e se apresenta como alternativa à polarização.
O candidato abriu sua fala com críticas severas sobre seus adversários, e criticou o ex-presidente Lula, pré-candidato do PT, por supostamente “invadir a autonomia do PDT” no Ceará com o objetivo de escolher o candidato ao governo do estado. Em entrevista, Ciro afirmou que Lula está praticando “puro fascismo” com a senadora e pré-candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, ao atrair emedebistas e tentar negociar acordos com eles.
“O que está acontecendo é o seguinte: o Lula resolveu desconsiderar toda e qualquer ética e qualquer escrúpulo e resolveu destruir os partidos. Tentou operar no Ceará também com gente que eu ajudei a criar”, declarou Ciro. “O que Lula está fazendo no Ceará é invadir a autonomia do PDT para escolher o candidato”.
Ao fazer críticas severas também ao candidato Jair Messias Bolsonaro, Gomes comparou os dois rivais e os colocou em pé de igualdade, com a mesma carga de responsabilidade sobre os acontecimentos do país. "Trocar pessoas, mesmo que de ideologias diferentes, mas que na essência pratica o mesmo modelo é repetir o erro cometido a décadas”, disse ele.
Dedicando boa parte de seu discurso a acusações de crimes supostamente cometidos pelo atual presidente do Brasil, o candidato do PDT apontou os riscos democráticos que sofremos.
A campanha de Ciro adotou o lema “vote em um e se livre dos dois”, em referência a Lula e a Bolsonaro. Segundo o agora candidato, os nomes do PT e do PL representam um “vazio de ideias”. Perto do encerramento da convenção onde a candidatura foi lançada, Ciro levantou algumas de suas propostas e promessas já publicadas em seu livro “Projeto Nacional: O Dever da Esperança”. Em essência, as promessas acenam a uma esquerda social-democrática espelhada em modelos econômicos europeus, defendendo em seu discurso a taxação de grandes fortunas, fortalecimento do estado para o controle financeiro e até a menção do projeto de Renda Básica Universal proposta por Eduardo Suplicy ao plano de governo do PT.