Por Pedro Lima Gebrath e Pedro Paes Barreto
Há exatamente uma década, mais precisamente no dia 6 de março, nos
despedimos de um dos maiores nomes da música e do rock brasileiro,
Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista e fundador da banda Charlie
Brown Jr e ícone da “geração MTV” que teve sua vida tirada após sofrer uma
overdose de cocaína em seu apartamento no bairro de Pinheiros, São Paulo.
Chorão era conhecido como alguém desbocado, barulhento, talentoso e
impulsivo, era o líder da banda Charlie Brown Jr, que alcançou sucesso
nacional na década de 90. Em 20 anos à frente do grupo, Chorão mudou a
formação diversas vezes, convidando e expulsando quem quis, cantando no
Brasil para milhares de pessoas e somando mais de cinco milhões de discos
vendidos. A banda se apresentou no circuito alternativo de shows em São Paulo e em Santos, durante cinco anos, até serem descobertos pela produtora Virgin no Brasil, que tinha sido responsável pelo disco dos Mamonas Assassinas, um sucesso em 1995. Com a estreia de Charlie Brown e o sucesso das músicas, a banda alcançou cerca de 500 mil cópias
vendidas, o que fez o grupo estourar de vez durante os anos 90 até os anos
2000.
Mesmo após dez anos de sua morte, o legado de Chorão segue vivo mais do que nunca, afinal, Chorão não deixou um legado apenas na música, suas
melodias na maioria das vezes unificavam a poesia, o Rock e o Skate. Chorão teve forte influência na Baixada Santista, local onde era presença garantida e costumava andar de skate quase sempre. No último dia 6 de março de 2023, inúmeros skatistas que se inspiram em Chorão até hoje, prestaram suas homenagens no local, a praça está localizada no bairro de Macuco e recebe diversos amantes do esporte, tema de inúmeras músicas do artista. No futebol, o Santos, time de coração do cantor e compositor, lançou uma camisa homenageando os 30 anos da banda no ano de 2022. Percebe-se que Chorão vai muito além da música e do rock, é lembrado e exaltado até hoje, mesmo em outros gêneros musicais, artistas como Matuê e Xamã prestaram suas homenagens no Rock in Rio do ano passado, mesmo pertencendo a outro gênero musical. O artista representa muita coisa tanto dentro quanto fora dos palcos, ele foi um cantor que marcou época, pelo seu talento e carisma, e mesmo depois de sua morte continua impactando a vida de diversas pessoas. AGEMT entrevistou Pedro
Vergueiro Frota e Leonardo Vergueiro Frota, dois grandes fãs da banda CBJr. Pedro é o irmão mais velho, tendo 24 anos de idade e ele conheceu a banda logo quando criança, assistindo um clipe da música “proibida pra mim” no programa de clipes da MTV. Mas ele começou a acompanhar de fato o trabalho do cantor durante a pandemia, em julho de 2021, muito tempo depois da morte do Chorão. Pedro teve a influencia direta de seus amigos para se tornar fã da banda, pois eles sempre colocavam músicas do grupo durante seus encontros. "De certa forma a música sempre esteve ali presente nele, ele só precisava tomar a seguinte decisão: “vou ouvir pra ver se é bom mesmo”, diz Pedro, que depois de ouvir, ele percebeu que se identificava absurdamente com as letras.
Assim, ele se tornou muito fã da banda e não deixa de ouvir um dia sequer uma música do conjunto. O irmão mais velho ainda fala: “O Chorão deixa um legado no rock, no rap, no skate, no surf, na favela, no amor, na humildade. Um leque de coisas que faz Charlie Brown tão especial pra diferentes tipos de pessoas”.
Pedro influenciou diretamente o irmão mais novo, Leonardo Frota de 20 anos, para começar a escutar as músicas do Charlie Brown Jr e saber mais da vida do grande artista que foi o Chorão. Inicialmente ele começou a gostar por causa do rock em si, porém mais para frente ele conheceu mais afundo a
representatividade dele fora dos palcos. Para o Leonardo, "o Chorão foi uma
pessoa muito controversa, mas ele tem a consciência de que foi um dos maiores artistas que esse pais já produziu e ele ainda fala: “O legado que
o Chorão deixa, na minha opinião, é que devemos ser quem quisermos, não o que a sociedade nos impõe, e esse legado não foi apenas para o rock, mas
para o rap e hip hop também”, acrescenta Leonardo.
Os anos passarão e o artista e sua banda vão continuar crescendo porque o legado dele será para a eternidade. De geração para geração as suas músicas, seu estilo e seus ideais permaneceram porque os gênios nunca morrem, eles permanecem vivos por todo o sempre, nas lembranças e saudades dos seus fãs. São essas pessoas que jamais deixarão sua herança ser esquecida, muito pelo contrário, elas vão passar a sua arte para aqueles que não o conhece, por conta disso que o Alexandre Magno Abrão, o Chorão ficará marcado na memória.